As dádivas celestiais
Desde o princípio, Deus, ao nos criar, nos dotou de imensas dádivas, predicados e atributos que, por não termos um manual, orientação ou consciência, deixamos de usar adequadamente.
Todos nós somos filhos do Pai Altíssimo, que nos criou livres e iguais para, assim, termos a oportunidade de nos desenvolver pelos nossos próprios meios, para cada um conquistar a própria evolução. A única diferença que existe entre todos é a consciência e a vontade de utilizar o conhecimento com que fomos dotados. Tudo depende de cada um.
Assim, Deus nos deu o mesmo mandamento e da mesma forma, igualitariamente. O mandamento do Pai Altíssimo está em nossa palavra e em nosso coração. Cabe a cada um procurá-lo, encontrá-lo e praticá-lo. Somos todos nobres de origem, oriundos da mesma fonte divina, independentemente de raça, nacionalidade, religião, época.
Dessa forma o nosso comportamento deve sempre ser nobre, pois noblesse oblige: a nobreza obriga. Devemos sempre agir de uma forma que esteja de acordo com a nossa natureza, com a nossa origem e a nossa consciência. Indo diretamente à fonte, que está em nosso coração.
Na realidade, por ignorância, houve uma renúncia ao direito que temos de acessar o coração e obter diretamente, sem intercessão de quem quer que seja, a aproximação, a ligação direta com o nosso Pai. Sem dogmas, sem ritualística, sem liturgia.
O primeiro passo para a evolução é o discernimento. E o que é o discernimento? É a capacidade de decidir por nós mesmos o que fazer, sem nos deixar influenciar por quem quer que seja. “Tudo é permitido. Mas nem tudo convém. Tudo é permitido. Mas nem tudo edifica.” São palavras de Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 23.
Após o discernimento, vem o desapego. Somos, de um modo geral, muito apegados a tudo e a todos. O desapego nos proporciona a libertação.
Paulo também pontifica na Carta aos Gálatas, capítulo 5, versículos 22 e 23: “Mas o fruto do Espírito é amor, é alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. Mostrando dessa maneira o caminho para a aplicação do mandamento que Deus nos concedeu e colocou em nosso sentimento (coração) e em nossa palavra (boca).
O terceiro passo é a boa conduta, que decorre naturalmente do entendimento e da confirmação da veracidade dele.
Por fim, o último passo que coroa tudo é o amor, como Jesus nos ensinou. E também Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 13, mostra que o caminho que ultrapassa todos os dons e ao qual todas as pessoas devem aspirar é o amor. O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva as pessoas a discernir as situações e a criar gestos oportunos. No versículo 13, ele encerra: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”.
Assim, com todas essas orientações verdadeiras começamos a entender, confirmar, aceitar e praticar. De nada valem essas orientações se permanecerem apenas como conhecimento intelectual.
Mas para que tudo isso seja verdadeiro e eficaz, depende de um atributo que Deus nos concedeu e ao qual Jesus alude, com todas as letras: a fé. Como Ele disse: “Se tiveres fé como um grão de mostarda, direis a este monte, transplanta-te ao mar. E assim será”. A fé move montanhas.
Que atributo é esse, assim tão poderoso? Devo dizer, pela minha experiência, que fé não é crença. Fé é fidelidade. Se o nosso comportamento for verdadeiramente fiel à nossa palavra, ela será o mais poderoso instrumento das nossas vidas.
(*) Heitor Rodrigues Freire é Corretor de imóveis e advogado.