Campo Grande não é cidadezinha qualquer
Sou campo-grandense nato. Mas faz 13 anos e sete meses que moro fora. Em Brasília.
Ao menos uma vez ao ano visito, com a família, a terra natal. Nesse período, Campo Grande se transformou. A cada ida à Capital percebemos as mudanças.
Só quem está distante pra ter essa percepção. É como nossos filhos. Por estarmos pertos deles, não notamos que eles crescem. Viram mulheres; viram homens.
Deixam a mamadeira, abandonam a chupeta, ganham pelos, barba, os netos chegam... É preciso alguém de fora – avós, tios, primos, amigos – para perceber essa evolução.
Coisas do tipo: “Nossa, você virou um ‘homão’”! Ou, “Nossa, como você ficou bonito (a)”! Ou ainda, “Que moça bonita!”
É assim que minha mulher, os dois filhos e eu vemos Campo Grande.
Quem vive na cidade parece não perceber o quanto ela se desenvolveu. O quanto ela se tornou agradável, linda, aconchegante.
Na penúltima vez em que estivemos aí, fizemos verdadeiro tur.
Saímos da Mata do Jacinto, cruzamos o centro, chegamos ao Rita Vieira, passamos em frente ao Rádio Clube Campo, cortamos a Vila Pioneira e Bairro Universitário.
Também passamos pelo Estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, onde joguei muito futebol (em quantidade, não em qualidade, ressalve-se) quando fazia Jornalismo na Universidade Federal.
Dali, chegamos ao Lago do Amor, ao Jardim Centenário até avistar a Coophavila I e II, o Aero Rancho... Tudo interligado por vias rápidas, cortadas por córregos canalizados, como Prosa e Segredo.
Fizemos esse trajeto em menos de hora, sempre parando, surpresos, contemplando as mudanças.
Na última vez, vimos o que foi feito nas Avenidas Duque de Caxias e Afonso Pena.
Nesse tur por Campo Grande, sempre margeando córregos, um fato chamou a atenção das crianças. “Pai, cadê as favelas?”, perguntaram. A resposta estava ali, diante delas.
A disputa eleitoral, infelizmente, quer transformar Campo Grande numa cidadezinha qualquer.
Discurso nenhum, no entanto, mudará nossa visão (mulher, filhos e eu) sobre o estágio a que Campo Grande alcançou.
O próximo prefeito precisa saber que administrará uma grande cidade, uma capital. E que, para isso, terá de ser competente o bastante para continuar nos impressionando, oferecendo o melhor a cada campo-grandense.
Quer queira quer não, Campo Grande é outra cidade. Com seus defeitos.
Mas com virtudes que os discursos fáceis não podem esconder.
Quem quiser ganhar a eleição que utilize outros argumentos.
(*) Antonio Carlos Teixeira é jornalista, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Foi repórter do extinto jornal Diário da Serra, do jornal Correio do Estado por sete anos e assessor de imprensa adjunto da Secretaria da Receita Federal em Brasília.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.