Covid-19: Consciência cidadã é arma de defesa coletiva
O mundo está atônito diante da gravidade da pandemia do novo coronavírus, que se expande rapidamente, e em escalada planetária que as autoridades de saúde apontam estar longe de alcançar o pico de contágio, para só então começar a declinar.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo o número de mortos pela covid-19 alcançava nove mil na quinta-feira, 18, quando se escrevia este artigo.
No Brasil, embora os números de casos confirmados de contágio (533), de pessoas sob suspeita de estarem com a doença (11.278) e de óbitos (7) fossem, naquele dia, estatisticamente baixos, modelos matemáticos e projeções epidemiológicas apontam que o pior está por vir, lamentavelmente.
Grandes metrópoles, como Nova Iorque, Paris e Milão, repentinamente transformadas em cidades fantasmas; em dezenas de países, escolas, universidades, teatros, museus e até bares e restaurantes de portas fechadas; milhões de pessoas ‘aconselhadas’ a não saírem de casa; países fechando suas fronteiras; turistas impedidos de desembarcar de navios luxuosos, por sua vez proibidos de atracar em muitos portos ao redor do mundo; e milhares de aviões em solo, prenunciando a falência de pequenas e grandes empresas aéreas.
Dignas de filmes ‘apocalípticos’, essas cenas, ao contrário da ficção que diverte, e às vezes adverte, são absoluta e dramaticamente reais, retratando o mundo assolado por esse inimigo invisível, responsável por disseminar a trágica covid-19.
E, ao contrário do que alguns parecem supor, não há espectadores nesse drama humanitário de proporções planetárias.
Somos todos personagens dessa tragédia contemporânea. E, como tais, a única condição para dignificar o nosso papel de ser humano é agir com a responsabilidade e a sensatez recomendas pelas autoridades sanitárias, para reduzir o risco, aliás previsível para o Brasil, de que o contágio se alastre em proporções exponenciais.
Em Mato Grosso do Sul, como em todo o País e no mundo, governos, instituições públicas e empresas adotam providências preventivas para tentar frear o avanço acelerado do contágio pelo novo coronavírus.
Com essa preocupação, o TCE-MS suspendeu o expediente entre os dias 18 e 31 deste mês, medida excepcional, porém necessária e apropriada para prevenção, controle e contenção de riscos de disseminação do vírus nas dependências da instituição. Com isso buscamos preservar do contágio tanto os nossos servidores quanto as centenas de pessoas que diariamente demandam atendimento aos pleitos de nossos jurisdicionados.
Porém, mais importante e efetiva do que todas as medidas de prevenção adotadas por governos, empresas e instituições para conter o contágio do novo coronavírus em níveis suportáveis para rede de saúde, é a responsabilidade ética de cada um de nós, ou seja, o verdadeiro espírito comunitário que deve presidir nossas atitudes individuais de precaução e prevenção.
Diante de uma crise sanitária – e humanitária – sem precedente em mais de um século (em 1918 a gripe espanhola matou em torno 50 milhões de pessoas em todo o mundo), o individualismo dos que afrontam as regras de restrição coletiva impostas pelas autoridades de saúde, as reações xenófobas e o preconceito ou discriminação contra as populações mais vulneráveis – principalmente idosos – são comportamentos repulsivos e sobretudo desumanos.
As expectativas para os próximos meses são sombrias, infelizmente. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, prevê crescimento vertiginoso de casos de coronavírus entre os meses de abril e junho, o que deve colocar sob pressão a capacidade de atendimento do sistema público de saúde.
Para confrontar esse poderosíssimo e funesto inimigo invisível, que desconhece raça, credo ou classe social, a arma mais eficaz é a consciência cidadã de que devemos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para evitar a proliferação do contágio.
A começar pela estrita obediência às restrições impostas pelas autoridades sanitárias.
(*) Iran Coelho das Neves é presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul.