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Kikio

Heitor Freire (*) | 21/07/2020 10:31

O Instituto de Cultura e Meio Ambiente de Goiânia (Icuman), organização não-governamental sem fins lucrativos e com vasta atuação no campo de produção audiovisual, promove anualmente um Laboratório de Fomento à Produção Audiovisual no Centro-Oeste. A edição deste ano, o 6º Icumam Lab, premiou, entre outros, dois projetos do nosso estado: o AO SUL DO SOL, do cineasta Joel Pizzini, e KIKIO, do casal de ativistas culturais, Andréa Freire e Belchior Cabral.

AO SUL DO SOL é um filme etno-poético sobre a identidade cultural de descendentes da ilha de Okinawa (Japão) que vieram se fixar em Campo Grande, aborda o processo de imigração, adaptação e reinvenção em Mato Grosso do Sul.

KIKIO, inspirado na obra de Geraldo Espíndola – autor e compositor que enriquece nossa cultura com criatividade e originalidade, membro de uma das famílias de artistas mais conhecidos, dentro e fora do nosso estado –, é uma série de aventura em animação voltada para o público infantil. Geraldo além de ser o autor da música Kikio, muito conhecida por aqui, narrou também em formato de livro, em versos curtos, a história mitológica do surgimento dos povos tupi e guarani, e o povoamento da América.

A história é uma homenagem à lenda do grande guerreiro Kikio, que formou a América Latina, enaltecendo a história da ocupação dos tupis e dos guaranis, que deram origem aos povos indígenas brasileiros.

É uma pena que nossos artistas dependam de um projeto de fomento cultural de fora do nosso estado para divulgar uma história genuinamente sul-mato-grossense. Na falta de incentivo interno, eles foram buscar os recursos num estado vizinho e, felizmente, foram selecionados, competindo com projetos de todo o Centro-Oeste.

No campo do audiovisual existe um edital que dormita há anos nos escaninhos da Secretaria de Governo de MS, com uma verba federal de 6 milhões de reais prevista para o incentivo nessa área, com uma contrapartida de apenas 200 mil reais do estado. Mas nossos governantes não têm olhos para esse setor tão estratégico na atualidade, que gera empregos, movimenta a economia criativa, serve de inspiração aos mais jovens e, consequentemente, dá visibilidade ao nosso estado. Pelo tempo transcorrido, infelizmente, corremos o risco de perder essa verba federal que, se não utilizada, volta para a União.

A nossa cultura regional é rica, original, e não está merecendo dos governos estadual e municipal a devida atenção. Parece que nossos governantes só têm olhos para o interesse imediato, e não apresentam uma política de gestão cultural.

É lamentável que os apelos feitos pela classe artística não tenham surtido nenhum efeito da parte do poder público. Da mesma forma, o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, integrado por verdadeiros operários da nossa cultura, vem sobrevivendo a duras penas, a pão e água.

Este ano teremos eleições municipais, e entre os pré-candidatos a prefeito destaco o dr. Esacheu Nascimento, cuja gestão à frente da Santa Casa, recuperando e reestruturando toda sua administração sem dúvida o credencia como forte candidato e que tem entre seus projetos um amplo e vasto programa de incentivo à cultura.

(*) Heitor Rodrigues Freire é corretor de imóveis, advogado e associado ao IHGMS.

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