Mentes brilhantes
Aos poucos uma mudança começa a ser percebida no formato do empreendedorismo brasileiro. O motor desse novo modelo é a inovação tecnológica, pilotada, geralmente, por uma nova geração de jovens sem experiência no mercado, mas com alto nível de escolaridade e muita criatividade. Um prato cheio para investidores. Os futuros empreendedores estabeleceram uma nova relação com os computadores. Para eles, laptops, PCs e tablets não servem apenas para alimentar as redes sociais, trocar mensagens instantâneas ou mera diversão com joguinhos eletrônicos de última geração. São, na realidade dessa turma conhecida como “nerds”, plataformas para lançar novas ideias para o mundo, já que, na era da globalização, as fronteiras caíram.
Foi assim na Campus Party, evento que reuniu os amantes da tecnologia do Brasil e de outras partes do mundo, em São Paulo. Durante o encontro, os jovens mostraram várias inovações na Maratona dos Negócios, seção proposta pelo Sebrae para a descoberta de futuros empreendimentos. Em cerca de 200 projetos apresentados, os “nerds” mostraram sua veia empreendedora, no melhor estilo Bill Gates e Steve Jobs. Apesar de não ter noções básicas de plano de negócios ou de gestão – uma falha dos currículos do ensino brasileiro –, eles não se intimidam e mostram grande talento com invenções e ideias de dar inveja aos mais experimentados.
A Campus Party mostrou mais uma vez que temos jovens com alta capacidade de empreender e de liderar projetos em grandes empresas. Representantes da geração Y, esses meninos e meninas criados com as maravilhas tecnológicas, mostram mais uma vez que o brasileiro tem potencial sim de ser criativo e de tocar o desenvolvimento desse país. Mas para isso é necessário melhorar com urgência nossas estruturas tecnológicas para inserir mais condições de aproveitar melhor e até formar mentes brilhantes. A criação de centros de tecnologia por todo o país, incluindo as regiões Norte e Nordeste, abriria um campo importante para a disseminação de ideias e crescimento de várias localidades, muitas delas carentes de escolas de excelência. A inclusão digital deve ser prioridade para diminuir essas distâncias e garantir assim o desenvolvimento tecnológico no Brasil.
(*) Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp.