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Polinização inadequada significa prejuízo

Décio Luiz Gazzoni (*) | 30/12/2022 08:30

 A polinização é o ato sexual das plantas. As plantas partenocárpicas frutificam sem fertilização, porém, para as demais, sem polinização não há fertilização, logo não há sementes e, normalmente, não há frutos também.

Alguns cultivos, em especial frutíferas, são dependentes de polinização animal, em especial por abelhas. Quando há deficit de polinização, a produção cai. Em um primeiro instante, o produtor perde dinheiro por produzir menos. No segundo instante, pode até se reequilibrar, porque o preço sobe. Mas, com polinização insuficiente, o consumidor sempre pagará preço maior pelo produto.

As principais causas atuais do deficit são: a) perda do habitat dos polinizadores, pelo avanço da agricultura, das cidades, estradas ou indústrias sobre a vegetação nativa; b) pragas que atacam os polinizadores, efetuando seu controle biológico, tão importante para controlar pragas agrícolas, mas totalmente indesejável quando mata polinizadores; c) mudanças climáticas globais, que afetam tanto o polinizador diretamente quanto suas fontes de alimentos; d) operações agrícolas adversas, especialmente uso inadequado de pesticidas.

O deficit de polinização é um problema atual, que tem sido potencializado pelo volume crescente da produção agrícola e pelo agravamento das causas de deficit. Esse fato tem fomentado grandes negócios de empresas que se dedicam a produzir polinizadores e vendê-los a agricultores – como se vende adubo ou semente. É a chamada polinização assistida.

Soluções - O desafio é enorme, mas não intransponível. O problema é global e a solução também, mas cada país, cada agricultor, precisa fazer sua parte, com ações que garantam as melhores condições possíveis para os polinizadores atuarem, auxiliando a obter alta produtividade na agricultura.

Há duas ações principais pelas quais os agricultores podem auxiliar os polinizadores. A primeira dela é mantendo e preservando áreas de vegetação que sirvam de abrigo e local de coleta de recursos pelos polinizadores. A presença de plantas que favoreçam os polinizadores nas áreas de reserva legal e de proteção permanente é fundamental para atingir esse objetivo.

A segunda ação é a adequação do controle de pragas, de maneira que, ao tempo em que as pragas sejam controladas, os polinizadores não sejam prejudicados. Para tanto é importante seguir, rigorosamente, as indicações dos programas de manejo de pragas, diversificando os métodos de controle. E, quando houver necessidade de aplicação de inseticidas químicos, deve-se atentar para as recomendações da tecnologia de aplicação, de forma a evitar qualquer deriva para as áreas onde os polinizadores se abrigam.

(*) Décio Luiz Gazzoni, Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico Agro Sustentável

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