Alerta do coronavírus expõe fragilidade de leitos para atendimento em MS
Saúde criou Central de Emergência, mas ações podem esbarrar em insuficiência de isolamento
Situações como a circulação do novo coronavírus pegam autoridades de surpresa e testam a capacidade dos serviços de saúde. Mesmo sem casos confirmados no País e sem suspeitas em Mato Grosso do Sul, o temor quanto a doença, que matou 213 pessoas na China, atinge toda parte. No Estado, o alerta gerou a criação de comitê, no entanto, a insuficiência de leitos hospitalares limita a estrutura de isolamento, necessária para investigar pacientes.
Com casos investigados no estado vizinho, Paraná, e no Paraguai, que faz fronteira com Ponta Porã, serviços de saúde locais se viram obrigados a reagir e criaram Centro de Operações de Emergência relacionado ao coronavírus. Problema antigo, no entanto, pode comprometer as investigações.
Até 2018, conforme levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), existiam 5.588 leitos hospitalares públicos e privados no Estado. Portanto, uma média de 2 leitos para cada 1 mil habitantes. A taxa ideal é entre 2,5 e 3 leitos para cada mil habitantes, segundo Ministério da Saúde.
Privados - Levantamento da reportagem do Campo Grande News apurou apenas 17 leitos de isolamento, entre os hospitais de Campo Grande. Todos eles são disponibilizados na rede privada. Dez estão no Hospital Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul). Conforme a instituição, “eles são utilizados para casos de precauções e isolamentos por contato, gotículas e aerossóis”.
A Santa Casa abriga os outros sete leitos de isolamentos. Eles estão espalhados entre os CTI’s (Centro de Terapia Intensiva) e enfermarias, “contando com a presença de filtro HEPA (pressão negativa), aparelho adequado para estes tipos de tratamento, evitando a propagação do vírus”, explicou a administração. É importante ressaltar que a instituição possui contrato com o poder público e, por isso, atende pacientes via SUS (Sistema Único de Saúde).
O Hospital da Unimed não divulgou o número de leitos, mas garantiu que “está preparado e estruturado para atender eventuais casos que necessitem de isolamento”.
Públicos – No levantamento, não foi possível mensurar a capacidade da estrutura dos hospitais públicos para atender os possíveis casos de coronavírus. O HU (Hospital Universitário), da Capital, apesar de ser colocados pelo Ministério da Saúde como hospital da referência, afirmou que não possui nenhum leito de isolamento, nem setor/área específica para isso. “Quando há necessidade de isolar algum paciente desativamos leitos”, destacaram.
Mesmo sem oferecer leitos, a equipe do hospital é responsável por dar suporte técnico aos casos suspeitos que puderem surgir.
O HR (Hospital Regional) também não divulgou a quantidade de leitos de isolamento, já que não há casos suspeitos, mas garantiu que não haverá omissão de atendimento de nenhum paciente.
Rede de assistência hospitalar – A SES (Secretaria de Estado de Saúde) não definiu hospital de referência para os atendimentos do coronavírus, justamente pela falta de estrutura das unidades. Desta forma, todas as unidades hospilares devem estar preparadas para receber as suspeitas.
O isolamento vai ocorrer no serviço de saúde em que o paciente for atendido, ou até mesmo em casa considerando a gravidade dos casos, não havendo necessidade de transferência para Campo Grande (no caso do interior) para que isso ocorra.