Após aulas remotas, alunos da UFMS correm risco de mais um ano perdido
Professores fizeram paralisação hoje e se não houver reajuste salarial, pode haver greve em maio
Paralisação que reivindica reajuste salarial de 19,99% para servidores federais, cancelou aulas na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) hoje (28). Dezenas de professores se reuniram em frente ao prédio da reitoria e a adesão à paralisação foi de 80%, o que significa 1,5 mil docentes das unidades de todo o Estado, segundo o presidente da Adufms (Associação dos Docentes da UFMS), Marco Aurélio Stefani. Se não houver reajuste, a associação prevê greve em maio.
“A paralisação foi total em cursos de Física, Matemática, Educação Física, Letras, Engenharias e Artes, e parcial nos cursos de saúde. Além do reajuste, queremos estabilidade da carreira, pois tramita no congresso projeto de reforma administrativa, o que afetaria a estabilidade dos servidores e os serviços à população. Se não formos atendidos, faremos greve em maio”, comentou Marco.
A iminência de uma greve assusta estudantes que acabaram de sair de aulas remotas em função da pandemia. A sensação é de que o ano de 2021 foi praticamente perdido para muitos, em especial aos que estão no terceiro semestre da graduação, pois começaram as aulas presenciais há um mês e três semanas apenas.
"Veteranos novatos" - Eles são veteranos, mas depois do isolamento que impôs aulas remotas, vivem a sensação de calouros no campus da universidade. Alguns preferem não julgar o movimento dos professores, mas há quem admita que a paralisação prejudica as aulas.
Acadêmico de Engenharia Civil, Allison Matias, de 18 anos, está no 3º semestre, ou seja, não é calouro, mas vive a sensação de quem está conhecendo o campus e toda a rotina de aulas presenciais. Na manhã de hoje, ele não teve a primeira aula, mas foi à universidade porque recebeu a informação de que a turma teria a segunda aula do dia.
“Voltamos em março às aulas presenciais e é minha primeira experiência com o presencial. Nas aulas remotas, confesso que não tive bom aproveitamento. Acabei relaxando um pouco. Agora, nesse semestre, estou tendo dificuldade, porque o que tive ano passado por aula remota, que foram as disciplinas de Física e Cálculo 1, que mais senti dificuldade, influenciam diretamente na disciplina de Estatísticas da Estrutura. Toda essa situação da pandemia acaba desmotivando um pouco”, desabafou.
Sobre a greve, o estudante prefere não opinar. “Acho que é uma causa justa, mas como estou voltando agora, não tenho opinião formada”, diz.
Estudante de Artes Visuais, Yan Alves de Moraes, de 19 anos, já está no 5º semestre e é mais enfático com relação a paralisação e ameaça de greve.
Ele teve apenas um mês de aula presencial, antes do isolamento e lembra que o período foi muito desafiador. “Há matérias em que o presencial é de fundamental importância. Por exemplo, a gente tem aula de cerâmica. Para ter uma ideia em uma dessas, você trabalha tato e sensações. Pelo vídeo, é muito difícil trabalhar isso”, lembra.
Yan comenta que longe da universidade, acabou reprovando em cinco disciplinas, que terá que fazer novamente. “Isso é pouco. Tem gente em situação muito pior, com mais dependências de tão difícil que foram as aulas remotas”, relata.
Hoje,o estudante não teve duas aulas de Escultura e de Gravura. “Está aí um exemplo de duas matérias que não dá para ser remoto, são muito importantes. Acho a causa dos professores justa, mas sendo um pouco egoísta, para esse momento, eu acho inconveniente. Gostaria de ter aulas hoje”, comenta.
Movimento - A manifestação de hoje integra movimento nacional organizado pelo Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos). Eles temem impactos negativos da PEC 32 sobre a qualidade do serviço público no Brasil.
A PEC altera 27 dispositivos da Constituição Federal e introduz 87 novos. As principais medidas tratam de contratação, remuneração e desligamento de servidores públicos.