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Cidades

Argentina pede extradição e STF marca audiência para ouvir “Fantasma”

Considerado "megatraficante", Jorge Granier Ruiz foi capturado no dia 28 de abril usando documento falso

Anahi Zurutuza | 20/05/2023 13:25
Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso pela PRF em abordagem de rotina. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Jorge Adalid Granier Ruiz foi preso pela PRF em abordagem de rotina. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Após pedido para que Jorge Adalid Granier Ruiz, de 43 anos, conhecido como “Narcofantasma” ou “Nono”, seja entregue pelo Brasil ao governo argentino, o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o acusado de tráfico internacional passe por audiência aqui em Mato Grosso do Sul. Boliviano de nascimento, mas dono de tripla nacionalidade (paraguaia e argentina também), “Fantasma” foi capturado no Estado no dia 28 de abril usando documento falso.

No despacho, Fux marca a oitiva de Ruiz para às 14h30 do dia 15 de junho, na sede a Justiça Federal em Campo Grande. O acusado terá de ser ouvido presencialmente por um dos juízes das Varas Federais Criminais e o depoimento será acompanhado pelo juiz instrutor Abhner Youssif Mota Arabi, auxiliar da Presidência do Supremo, que virá à Capital.

O ministro mandou intimar o advogado Haroldson Zatorre, que representa “Fantasma” em Mato Grosso do Sul, da decisão. “Intime-se, ainda, a Procuradoria-Geral da República, a fim de que designe membro para a audiência de interrogatório, facultando-se, desde logo, sua participação por videoconferência”, diz a decisão.

Na semana passada, Ruiz passou por audiência de instrução no processo que responde por falsidade ideológica. “Meu cliente confessou, por o orientei assim. Não há como questionar a materialidade do crime”, explicou Zatorre, que agora se prepara para o interrogatório que será conduzido pelo STF.

O advogado de Granier afirma que o cliente nega as acusações de ligação com o tráfico.

Documentos falsos apresentados pelo boliviano. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Documentos falsos apresentados pelo boliviano. (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

Flagrante – “Narcofantasma” era procurado pelo mundo desde abril de 2022. Foi em 15 de abril do ano passado que ele entrou para a difusão vermelha da Interpol – ferramenta da polícia internacional para encontrar criminosos com a finalidade de extraditá-los – e recebeu a classificação “perigoso”.

A ficha de “Fantasma” foi anexada ao pedido de prisão feito pelo Escritório Central Nacional da Interpol no Brasil ao STF (Supremo Tribunal Federal), horas depois de o acusado de comandar esquema de tráfico internacional de cocaína ser localizado pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-163, em Jaraguari – cidade a 44 km de Campo Grande.

A PRF prendeu “Nono”, numa terça-feira, durante abordagem de rotina a uma Toyota Hilux. Nem armado o homem acusado de ser um “megatraficante” estava.

Ele, porém, se apresentou com nome falso, de Jorge Mendez Ardaya, boliviano que morreu em 2012. Policiais desconfiaram dos documentos e acabaram descobrindo que eram falsificados. Na Justiça brasileira, ele responderá pelo crime de falsidade ideológica.

Segundo Granier, as identidades e o passaporte foram comprados em Belém do Pará por quase R$ 6 mil dólares. Ele contou ainda aos policiais que a mudança na aparência o ajudou a transitar sem ser reconhecido. Como era obeso, se submeteu à cirurgia bariátrica e logo depois passou por lipoaspiração, procedimentos que o deixaram bem mais magro, modificando totalmente sua fisionomia.

O apelido de “Fantasma” surgiu pela discrição. Até pouco tempo, o rosto do homem nem era conhecido, porque ele nunca aparecia nem em fotos.

Fora do submundo, o que se sabe é que ele é um é um empresário boliviano, nascido em San Borja (Bolívia), em 11 de dezembro de 1979.

Cartaz com foto de Jorge Ruiz antes da bariátrica divulgava que ele era um homem procurado pela polícia argentina. (Foto: Reprodução)
Cartaz com foto de Jorge Ruiz antes da bariátrica divulgava que ele era um homem procurado pela polícia argentina. (Foto: Reprodução)

Quem é? – Segundo um relatório da DEA (Drug Enforcement Administration), a agência antidrogas dos Estados Unidos, Granier Ruiz é responsável por uma estrutura dedicada ao transporte de cocaína em pequenos aviões da Bolívia e do Paraguai para a Argentina.

Ele entrou para a lista de procurados da Interpol a pedido da Justiça argentina. “Fantasma” era foragido de ordem de prisão pela acusação de ter coorganizado o transporte de 389 kg de cocaína embalados em sacos de estopa, escondidos na carroceria de uma Ford Ranger cabine dupla. A droga foi apreendida, em 24 de setembro de 2020, na chamada Rota 9, em Paraje Paraíso, província de Buenos Aires.

O criminoso responde a outros oito processos no Tribunal Federal 1 de Salta (Argentina), que o acusam de ser responsável pelas operações de drogas no país vizinho. O homem, porém, não tem condenações, segundo a defesa.

Na Justiça – Granier Ruiz só deixará o Brasil para responder por crimes pelos quais é acusado na Argentina, a base de operações do homem. Isso porque, além da conversão do flagrante (por falsidade ideológica) em prisão preventiva (por tempo indeterminado) ordenada pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, o STF também determinou a permanência dele na cadeia enquanto estiver em solo brasileiro.

No dia 29 de abril, o ministro Luiz Fux decretou a prisão cautelar para fins de extradição e agora, o Supremo analisa o pedido formal de entrega do preso a autoridades estrangeiras.

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