Até municípios que mais vacinam continuam longe de atingir imunização
Essas cidades têm pouco habitantes e normalmente registram baixo índice de casos e óbitos
Japorã e Cassilândia ainda são os únicos municípios de Mato Grosso do Sul a vacinarem com 1ª dose mais da metade de seus habitantes. Apesar do bom desempenho, se comparado a outras cidades sul-mato-grossenses, os benefícios da vacinação ainda não podem ser avaliados com precisão, já que é necessário que mais pessoas sejam imunizadas.
É importante lembrar que, com exceção das vacinas da Janssen, que até esta terça-feira (22) sequer chegaram a MS, todos os outros imunizantes aprovados no Brasil precisam de pelo menos duas doses para garantir total eficácia prevista contra casos de covid-19.
Para o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, ainda não é possível dizer se ter metade da população vacinada com apenas uma dose vai surtir efeitos positivos a curto prazo. "Não tem um estudo ainda para tirar essa conclusões", comenta.
Japorã, na fronteira com o Paraguai, vacinou com uma dose quase 52% de sua população, enquanto Cassilândia, na divisa com Goiás, tem 50,4% de pessoas que receberam o imunizante. Os dados são da plataforma "Vacinômetro", elaborada pelo governo estadual para disponibilizar informações inseridas pelos próprios municípios.
Outro lugar a ser destacado é Jaraguari, que desde o começo de junho permitiu vacinação de pessoas com 18 anos ou mais, por conta da baixa procura da população e consequente não utilização de muitas doses. Por lá, mesmo com expectativa da prefeitura local em vacinar cerca de 90% da população até o fim de junho, há 46,4% vacinados com primeira dose.
Resende acredita que enquanto não houver vacinas em quantidade massiva, os efeitos da campanha de imunização serão pouco visíveis. Mesmo que quase 20% dos habitantes de Mato Grosso do Sul tenham recebido duas doses da vacina, garantindo maior proteção a faixa etária de idosos, por exemplo, a média estadual tem sido de 44 óbitos por dia, uma das maiores em toda a pandemia.
Atualmente, pessoas com menos de 60 têm sido mais afetadas pela pandemia, já que representam maior parte da população e ainda não foram incluídos para serem vacinados.
O secretário comenta que outras medidas não farmacológicas têm de ser feitas em conjunto com a vacinação para que a pandemia possa ser controlada efetivamente. "Reforça a tese que sempre defendemos, de que medidas restritivas que elevam a taxa de isolamento social e diminuam aglomerações, além do uso de máscaras, medidas de higiene, ocupam papel fundamental ao lado da vacina".
Só vamos ganhar essa luta se tivermos essas medidas aliadas a vacinas em quantidade suficiente
Por fim, ele cita como exemplo Dourados, que decretou lockdown por 14 dias, e viu baixar índices de fila de espera por UTI (Unidade de Terapia Intensiva), infecções e até mortes. "Tínhamos cerca de 60 a 70 pacientes há pouco tempo atrás na fila de espera, foi decaindo e tivemos ontem zero pacientes, o que não acontecia nem antes da pandemia".
Mais vacinas - Para dar continuidade à campanha vacinal de forma a garantir a proteção da população mais rapidamente, o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Geraldo Resende afirma que é preciso receber mais imunizantes, cuja aquisição é de obrigação da União, de acordo com a Constituição Federal.
Resende comenta que mesmo com a redução pela metade dos imunizantes da farmacêutica estadunidense Johnson & Johnson, prevista inicialmente em 3 milhões para todo o Brasil, o governo do Estado espera que seja aprovado pedido de aumentar o quantitativo destinado a MS.
"Se formos contemplados com a reserva técnica, vamos fazer estudos que cientificamente podem apontar a eficácia da vacina e também a partir de que percentual da população vacinada vamos ter de fato a chamada imunidade coletiva", finaliza.