Colapso faz MS transferir pacientes para Rondônia
Sem espaço para ampliação de leitos e com 278 pacientes na fila de espera, única solução é transferência
Com 278 pessoas esperando vaga em hospitais de Mato Grosso do Sul, o Estado começa a transferir pacientes para Rondônia. Hoje, só na macrorregião de Campo Grande, há 170 pessoas em leitos improvisados, 144 são moradores aqui da Capital.
Durante coletiva nesta quarta-feira (2), o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, disse que a situação é "dramática". Ele revelou que pacientes sul-mato-grossenses serão encaminhados a outros estados brasileiros por não haver outra alternativa. Uma moradora de Bonito foi hoje pela manhã para Porto Velho, em Rondônia, município que cedeu 10 leitos ao Estado.
"Vamos buscar socorro em outros estados da federação para não ficar ninguém desassistido em Mato Grosso do Sul. Já recomendamos e tivemos autorização do governador para que nós possamos ter uma reciprocidade ofertada pelo estado de Rondônia", explicou, caso no futuro Mato Grosso do Sul melhore no combate à pandemia e possa retribuir o apoio.
O titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde) lembrou que no ano passado, pacientes rondonenses vieram a Mato Grosso do Sul, quando o sistema hospitalar do estado do Norte entrou em colapso. "Quando estava em estado caótico em Rondônia, eles recorreram a Mato Grosso do Sul e atendemos pacientes oriundos de lá não só no Hospital Regional, mas no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, em Três Lagoas".
Por fim, ele mencionou que há outros estados ofertando "ajuda humanitária" como Espírito Santo, governado por Renato Casagrande (PSB).
Crise sanitária - Desde o início da pandemia, 294,8 mil pessoas tiveram covid-19 em Mato Grosso do Sul, das quais 6.917 foram a óbito. Atualmente, não há leitos de terapia intensiva disponíveis em hospitais vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde) nem na rede particular.
Há 548 pacientes internados com covid-19 em UTIs, conforme boletim publicado nesta manhã. Considerando o total de leitos disponíveis, a SES aponta que há taxa de ocupação de 102% - ou seja, não há vagas e sim excedente de 2% acima da capacidade oficial.
O quadro já é de colapso. Durante a live, Geraldo Resende voltou a atacar os "negacionistas", em relação ao uso de máscaras, distanciamento social e às vacinas contra a covid-19, principalmente o que é praticado por representantes do governo federal, que para ele influenciam práticas da população.
"As pessoas se orientam muito mais pelas lideranças nacionais negacionistas, aqueles que são contra a vacina, que fazem aglomerações não usando máscara, aqueles que acham que medidas restritivas não têm valor nenhum", ressaltou.