Com base no Youtube, advogado pede na Justiça distribuição de ivermectina em MS
Juiz negou o pedido referente ao medicamento com efeito contestado pelos médicos
A Justiça negou pedido feito por advogado de Campo Grande que queria obrigar a distribuição de Ivermectina para toda população de Mato Grosso do Sul. Decisão do dia 23 de março do juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1º Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, considera que o pedido não apresenta motivo lógico.
Sem eficácia comprovada no tratamento contra a covid-19, o uso indiscriminado do medicamento levou três pessoas a morte nos últimos dias, duas em São Paulo e uma em Porto Alegre. Elas chegaram ao hospital com danos irreversíveis no fígado, não por causa da covid-19, mas pelos medicamentos do chamado “kit covid”, composto de ivermectina, azitromicina, corticoides e cloroquina.
Para sustentar o pedido feito na ação popular, o advogado João da Cruz Oliveira da Silva utiliza de vídeos publicados no Youtube de prefeitos e médicos que defendem o uso do medicamento mesmo sem comprovação científica.
A sugestão é de que Estado e Município devolvessem ao Governo Federal as verbas recebidas para o combate a pandemia para que fossem adquiridos e distribuídos o medicamento à população por intermédio da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Guarda Civil Municipal de Campo Grande.
O advogado fala até em "invalidação de eventual ato lesivo ao patrimônio público", mas segundo reforça o juiz, nem "sequer indica qual teria sido o ato lesivo praticado" pelo município e pelo Estado.
O pedido de distribuição do medicamento ocorre no pior cenário da pandemia no Estado, com falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e escassez de insumos.
Conforme o advogado, a apresentação de plano de distribuição da medicação à população evitaria medidas como lockdown, utilizado para incentivar o isolamento social, considerada uma das ações mais eficazes para se evitar a contaminação pelo coronavírus.
Em Mato Grosso do Sul, foram confirmados 212.419 casos de covid-19 desde o início da pandemia, sendo que 4.164 pessoas morreram em decorrência do vírus.