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Cidades

Com mais 25 ventiladores pulmonares, MS tem 1 equipamento a cada 2,6 mil pessoas

Correlação entre população e máquinas necessárias para tratar pacientes graves da Covid-19 é melhor em MS do que a média nacional

Marta Ferreira e Aline dos Santos | 30/03/2020 11:12
Leva de 25 ventiladores pulmonares vai para o HRMS, unidade de saúde referência para tratamento da Covid-19 em Campo Grande. (Foto: Edemir Rodrigues)
Leva de 25 ventiladores pulmonares vai para o HRMS, unidade de saúde referência para tratamento da Covid-19 em Campo Grande. (Foto: Edemir Rodrigues)


Em quase todas as entrevistas das autoridades de saúde, nos últimos dias, a expressão “ventilador pulmomar” surge, como insumo essencial para preservar a vida dos doentes que, infectados pelo novo coronavírus, tenham complicações pulmonares e precisem de ajuda mecânica para manter a oxigenação. Não é exagero dizer que, neste momento, o respirador, nome mais popular do equipamento, tem ainda mais significado de vida.

Segundo os dados da SES (Secretaria Estadual de Saúde), a cada 2.640 moradores há um ventilador pulmonar em Mato Grosso do Sul. Essa relação é mais baixa do que a nacional. No País, segundo os dados já divulgados, são 60 mil respiradores, ou seja, um a cada 3,5 mil habitantes.

O número divulgado para Mato Grosso do Sul já considera a compra de 25 equipamentos portáteis, de um total de 50 em aquisição, como forma de reforçar unidades de saúde para a fase aguda da pandemia, que está por vir.

A leva de máquinas importantes no tratamento dos que evoluem para pneumonia provocada pela Covid-19 chegou nesta segunda-feira e vai para o HR (Hospital Regional) em Campo Grande, unidade referência para o tratamento da doença.

Não há previsão de quando chegam os outros 25, em razão da dificuldade de compra, como relata o secretário de Saúde Geraldo Rezende. "Estamos tentando, de todas as formas", resume.

A aquisição de insumos do tipo foi centralizada pelo Ministério da Saúde. E como os casos graves da doença deixam os pulmões “fora de circulação”, o equipamento tem grande demanda mundo afora.

A visão dos médicos - A reportagem conversou com o presidente da Sociedade de Terapia Intensiva em Mato Grosso do Sul, Sérgio Felix Pinto. Ele alertou sobre a necessidade de profissionais preparados para lidar com os ventiladores pulmonares.

O médico intensivista diz, ainda, que para lidar com o paciente de coronavírus, é necessário um equipamento diferenciado, com capacidade para “filtragem” e eliminação do agente contaminador.

Confira abaixo como foi a conversa:

Campo Grande News - São 1015 respiradores no Estado. Isso coloca a gente em que nível de preocupação?

Sérgio Félix Pinto - O problema básico é saber que tipo de ventiladores são esses que nós temos disponíveis, se são adequados. Nem todos são adequados pra ventilar esse tipo de paciente do coronavírus. Porque eles precisam um mecanismo de segurança, uma válvula de exalação, que tem um filtro EPA. Nem todos têm isso. Nem todos ventiladores são tecnologicamente suficientes para ventilar o tipo de pulmão em que acontece.

Além disso, esses ventiladores são manuseados por médicos, fisioterapeutas, especialistas em terapia intensiva – profissionais que sabem o que fazer.

O médico intensitista Sérgio Pinto Félix. (Foto: Divulgação)
O médico intensitista Sérgio Pinto Félix. (Foto: Divulgação)


Campo Grande News - Que profissionais tem esse preparo?

Sérgio Félix Pinto - “Intensivistas, médicos especialistas em medicina intensiva e fisioterapeutas especializados. São profissionais especificamente de CTI”.

Campo Grande News - O ventilador tá sempre na UTI?

Sérgio Pinto Félix - Ele existe em outros locais como enfermaria, pronto- socorro, não necessariamente na UTI. No centro cirúrgico tem que ter.

Se você entrar no Google, tem diversos tipos de aparelho. Uma série de aparelhos, pra você ter uma ideia dos mais simples para os mais modernos. Os microprocessadores, que são computadorizados.

Campo Grande News - Existe alguma preconização? Do tipo, “para cada 10 mil habitantes tem que ter um ventilador”?

Sérgio Pinto Félix - Isso não existe. O que a gente pega na UTI vai depender muito do grau de complexidade. Em casos muito graves deve ter 1 a 2 aparelhos por leito. Por exemplo, se têm dez leitos, tem que ter 12. Dois a mais na reserva.

Ou às vezes um aparelho para cada dois leitos. Mas sempre precisa ter algum número. Pronto-socorro depende da complexidade, já que não tem vaga na UTI para todos os pacientes. Os hospitais não têm um padrão.

Campo Grande News - Estamos melhores ou piores que outros estados?

Sérgio Pinto Félix - Estamos piores que SP, MG, RS - os grandes estados. Mas estamos melhores que estados do Norte, alguns do Nordeste.

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