Condenado após operação, coronel continuava na ativa e com salário de R$ 22 mil
Luiz Carlos Carneiro foi flagrado na terça-feira com 300 celulares e 400 cigarros eletrônicos ilegais
Um dos alvos da Operação Oiketicus, que levou para a cadeia 20 policiais militares suspeitos de integrarem a Máfia do Cigarro, o tenente-coronel Luiz Carlos Rodrigues Carneiro, 47 anos, foi condenado a 3 anos de prisão, no dia 17 de abril do ano passado. Durante cumprimento de mandado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), em 2018, ele foi preso em flagrante por posse ilegal de munições de uso restrito e por isso, foi sentenciado, mas recorreu da decisão.
Em liberdade, uma vez que a pena imposta era para ser cumprida em regime aberto e também por ter contra si decisão em grau de recurso, o oficial continuava trabalhando normalmente e recebendo R$ 22.851,93 de salário, até ser preso de novo, nessa terça-feira (17), com 300 celulares, 400 cigarros eletrônicos e cabos de internet trazidos do Paraguai.
Conforme a última publicação no Diário Oficial do Estado contendo o nome do tenente-coronel, Luiz Carlos Rodrigues Carneiro ocupa cargos no alto comando da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul). Em 15 de julho de 2020, o oficial lotado Comando-Geral, da DGPL (Diretoria de Gestão de Patrimônio e Logística) para a Deip (Diretoria de Ensino Instrução e Pesquisa).
O Campo Grande News questionou a Corregedoria da PM o motivo do tenente-coronel não estar afastado do cargo e como fica a situação dele agora, que foi preso novamente, mas até o fechamento da matéria, não obtivemos resposta.
Flagrante - A prisão ocorreu no fim da tarde dessa terça-feira, foi numa estrada vicinal que liga o Assentamento Itamarati à BR-463, em Ponta Porã. Policiais do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) faziam fiscalização no trecho, quando abordaram um veículo Renault Sandero, conduzido por Felipe Hércules Alves Ferreira, 27 anos. O tenente-coronel era passageiro.
Conforme o auto de prisão em flagrante, logo após o carro ser abordado, Luiz Carlos já se apresentou como tenente-coronel da PM e mostrou a carteira funcional. Questionado sobre o que estava transportando nas caixas que estavam no banco traseiro e no porta-malas, o motorista revelou que eram produtos de origem estrangeira.
Policiais encontraram 30 celulares Ipro Opal, de modelo 4S, 300 Ipro A30, 14 pacotes de cabos de internet e 400 cigarros eletrônicos – produtos que somam cerca de R$ 120 mil. Felipe e o tenente-coronel foram levados à Delegacia de Polícia Federal de Ponta Porã.
Na delegacia, Hércules relatou que foi contratado por um homem identificado como "Galo" para pegar os produtos contrabandeados no Paraguai e levar até Dourados. Segundo ele, o contratante informou que o Luiz Carlos viajaria junto “para dar apoio”, já que é policial militar. Ainda segundo o depoimento do motorista, o tenente-coronel sabia que no carro estavam sendo transportado contrabando.
Já o oficial afirmou, em depoimento à Corregedoria da PM, que é vizinho de bairro de Felipe e, ao saber que ele seguiria para o Paraguai, “pegou carona” até o Assentamento Itamarati.
Investigação – Para a investigação, o tenente-coronel usava do cargo para passar ileso pela fiscalização nas rodovias da fronteira e entrar no Brasil com produtos trazidos ilegalmente do Paraguai.
Luiz Carlos juá havia sido abordado pelo DOF, no dia 30 de maio deste ano. Na parada, que aconteceu na MS-164, em Ponta Porã, ele se identificou como militar e não teve a Chevrolet S-10 revistada. Na ocasião, o policial estava com um homem envolvido em duas ocorrências de contrabando.
No dia 17 do mês seguinte, esse passageiro e Felipe Hércules foram levados à Polícia Federal, após serem flagrados com eletrônicos contrabandeados na estrada da Gameleira, em Campo Grande. Os produtos estavam na caminhonete do tenente-coronel, que disse à polícia que tinha emprestado o veículo ao amigo. Ele alegou ainda não sabia que seria utilizado para contrabando.
Nesta quinta-feira (19), Luiz Carlos Rodrigues Carneiro passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele responderá pelo crime de descaminho.
Reincidente - Em novembro de 2018, o tenente-coronel foi alvo da Operação Oiketicus, comandada pelo Gaeco, que investigava o envolvimento de policiais no contrabando de cigarros.
O militar foi preso por posse irregular de 20 munições de calibre 7.62 (para fuzil) encontradas durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa dele, na Vila Jacy. As munições estavam na gaveta de um armário na garagem da residência.