De incêndio a resgates, serviço aéreo dos bombeiros salva vidas pelo ar
Aviões foram principal forma de transporte de sul-mato-grossenses com covid-19 a outros estados no ano passado
De monitoramento de queimadas a transporte de pacientes, o serviço aéreo do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul se tornou mais conhecido ano passado, quando foi a principal forma de transporte de sul-mato-grossenses com covid-19 a outros estados.
Mas as atividades existem desde 2019 e também têm forte vocação para monitorar áreas de queimada e principalmente, fazer resgate em áreas de difícil acesso. Um desses casos foi a busca aérea por três pescadores desaparecidos no Rio Paraguai em agosto de 2021. O caso teve até #tbt na página oficial do Goa (Grupamento de Operações Aéreas) no Instagram tamanha a emoção em resgatá-los.
Todas as missões são importantes, mas algumas ficam em nossas memórias pra sempre”, cita a legenda do vídeo, que mostra o momento em que, da aeronave, a tripulação visualiza a embarcação até então desaparecida.
Adilson Rodrigues Bezerra, de 66 anos, Ricardo Luiz Cirrão Bezerra, de 41 anos, e o piloteiro do barco, Vicente Alves da Costa, 54 anos, foram encontrados dois dias depois de desaparecerem e perderem contato enquanto navegavam nas águas do Rio Paraguai. “Dia que comemoramos como final de campeonato!”, cita ainda a publicação.
Maior parte das atuações, no entanto, são de monitoramento e combate a incêndios florestais, que somente este ano, somaram 138 voos. O resgate aeromédico aparece em segundo lugar, com 20 ocorrências, maioria em Corumbá.
Apesar de formado em 2019, o Goa passou a ter uma atuação mais presente em 2020, mas foi em 2021, conforme o major Kleber Barbosa Arantes, chefe do grupamento, que o serviço se consolidou. “Sabendo da potência e grandeza desse serviço, prefeitos e a própria população começaram a lançar mão das aeronaves, o que contribuiu significativamente para o aumento da demanda”, comentou.
Tanto que entre 2020 e 2021, houve aumento em cinco vezes da capacidade de atuação do grupamento, saltando de 37 para 200 o número de ocorrências atendidas nesses dois anos. Em 2022, os serviços já contam com 11 casos, ao menos, até o dia 26 deste mês.
Saúde – Mesmo que a maior quantidade de casos contabilizados seja de uso das aeronaves durante incêndios, são os salvamentos – como o citado acima – ou os resgates em ocorrências de saúde que mais chamam a atenção.
No finalzinho do ano passado, dia 29 de dezembro, o Goa foi utilizado para transportar um sul-mato-grossense de 70 anos de idade, que estava internado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de hospital na cidade de Uberlândia (MG). Ele havia sofrido um acidente vascular cerebral isquêmico, mas pôde continuar o tratamento perto de casa, em Três Lagoas, onde ficou sendo atendido.
Os transportes para transplantes de órgãos também são comuns. Conforme o major Kleber, “o corrente ano já começou com força total, com ênfase no transporte de pessoas para receberem o tão sonhado órgão. Em convênio com a Secretaria de Estado de Saúde, o Corpo de Bombeiros vem atuando ativamente no transporte dessas pessoas, principalmente para os Estados do Paraná e São Paulo”.
Foram 23 ocorrências desse tipo em 2021 e três este ano, quase o total realizado em 2019, quando foram feitos quatro translados. No dia 12 de janeiro agora, um pequeno de apenas 3 anos de idade foi levado até Barretos (SP) para fazer transplante de medula. Em média, conforme o major, têm sido feitos três transportes desse tipo por semana.
Por fim, citando-se área de difícil acesso, uma família foi resgatada no dia 1º de janeiro da Fazenda Santa Maria, que fica a pelo menos oito horas de distância de Corumbá. Rosalina Alves da Costa estava com o marido passando mal, com sintomas severos de H3N2 e foi transportada junto com ele e os dois filhos do casal, de 3 e 4 anos de idade, para o hospital da cidade.
Como acionar – Com os diversos serviços que as duas aeronaves do Goa prestam, a forma de acioná-los também se distingue. Se o caso for de incêndio, o comandante da operação comunica a necessidade de uso de avião e então, há o deslocamento para a área a ser monitorada.
Em casos de transplantes de órgãos, o acionamento chega pela Central de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde e por fim, nos casos de resgate aeromédico, a pessoa liga diretamente para o 193 e é feita a triagem adequada e então, o grupamento se desloca para o resgate.