Depois do transplante, Santiago já sonha com tereré, suco e lasanha com queijo
Espera por transplante de rim ganhou notoriedade após mãe pedir ajuda para rapaz chegar ao hospital no PR
Tereré, suco natural, lasanha e estrogonofe. A lista do bailarino de Santiago Cuella da Silva, 28 anos, deve sair do campo dos desejos para a realidade em prazo de três meses. Ontem, depois de sete dias de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), o rapaz recebeu alta e se recupera do transplante de rim, espera de quatro anos que acabou no primeiro dia de 2021.
A história de Santiago Cuella ficou mais conhecida a partir do apelo da mãe, Marlene, feito nas redes sociais, quando precisava de carona para chegar ao Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul (PR). A viagem foi realizada no feriado de Natal, mas, como havia outros pacientes compatíveis para doação na fila, ele voltou para casa.
Na segunda ligação do hospital, consegui nova carona, mas enfrentou obstáculo a mais: sem teto em Curitiba, o piloto teve que pousar em Londrina. O rapaz e mãe seguiram de táxi para Campina Grande do Sul, chegando no prazo estabelecido pelo hospital. Da internação até a preparação para cirurgia, foram poucas horas e logo
“Eu não sabia o que tava rolando aqui fora, tive alta pela manhã e assim que peguei o celular e fiquei a par do que estava acontecendo eu chorei mano, de emoção, com tanto gesto de amor e carinho, com todas as mensagens que recebi, eu estou bem”, escreveu em sua página no Facebook, em agradecimento a todos que colaboraram para que ele pudesse viajar.
Depois de receber alta da UTI, o rapaz ainda vai precisar morar cerca de três meses em Campina Grande do Sul para acompanhamento, período necessário para atestar que não haverá rejeição ao órgão. Santiago também terá de passar por dieta especial.
Durante este tempo, ele, acompanhado da namorada, Ana, vai morar na cidade. A mãe, professora contratada, vai voltar em Campo Grande, temporariamente, para verificar como a situação profissional.
O aluguel é um dos gastos que estão sendo pagos com o dinheiro levantado em vaquinha virtual. Os recursos cobriram um mês de aluguel, compras no mercado, o táxi que custou R$ 1,2 mil.
Agora, a vaquinha continua para pagamento dos gastos futuros, como os dois aluguéis dos próximos meses. Embora os remédios mais caros tenham sido garantidos pela Casa de Saúde no Paraná, há outros medicamentos, de uso constante, que não são doados (dor de cabeça, estômago, por exemplo).
Futuro – O rapaz começa a pensar como será a volta à rotina. Integrante do Grupo Bailah, de dança de salão da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), já fazia aulas online, acompanhado da namorada, o que deve voltar em março.
Antes disso, ainda passa por processo de recuperação. Santiago diz que ainda sente muita dor. “A médica me disse que o rim era um pouco grande para mim, teve que colocar meio na frente, do lado direito; até ele se ajeitar, dói”, explicou. “Estou meio barrigudinho, muito roxo, cheio de hematoma”.
Depois de todo os obstáculos, esse processo de recuperação é o de menos. Até a cirurgia, Santiago fazia hemodiálise três vezes por semana, durante quatro horas.
“Vou ter que tomar remédio para não dar rejeição, depois tenho que vir esporadicamente, vou ter que tomar remédio para sempre, mas é um alívio, sair da hemodiálise, daqui três meses vou poder comer normalmente”. De imediato, já realizou um dos desejos: beber muita água, o que não conseguia fazer como gostaria por conta da hemodiálise.
Os outros vão ter que esperar um pouco mais. “Queria comer tanta coisa, falar uma só fica difícil, mas quero estrogonofe e lasanha com muito queijo e massa de tomate”. Ao final, lembrou de mais um que vai para a lista. “Depois de três meses eu quero muito tomar tereré”.
Dados para doação:
Santiago Cuella da Silva
Pix dele é 036.932.331-95