Em 1 ano, 91 crianças e adolescentes tentaram suicídio, 84 eram meninas
Aluna da rede estadual de 14 anos enforcou-se, em Campo Grande, no último sábado e levanta questionamento sobre a saúde mental dos estudantes
No sábado (23), uma adolescente de 14 anos enforcou-se e tirou a própria vida em Campo Grande. A aluna da rede estadual não representa um caso isolado entre adolescentes e levanta questões acerca da saúde mental dos estudantes. Em 2018, 91 crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos tentaram o suicídio na Capital.
Chama a atenção que nas tentativas, as meninas representam a maior parte. Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) mostram que dos 91 casos, 84 eram meninas, enquanto 7 eram meninos. Entre adolescentes e jovens de 15 e 19 anos, o gênero feminino também representa a maioria dos casos.
Em 2018, segundo a Sesau, foram 277 tentativas de suicídio nessa faixa etária, 208 de meninas e 69 de meninos. A crescente em suicídio é um alerta cada vez maior na saúde pública. A questão já é hoje uma das maiores preocupações da OMS (Organização Mundial da Saúde), que alerta para o avanço não só do suicídio, mas das doenças como depressão e ansiedade. Em todo o planeta, 800 mil pessoas tiram a própria vida todo ano.
A questão, inclusive, provocou a criação da agenda pública do Setembro Amarelo, mês de prevenção e de centrais de ajuda, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que pode ser acionado via 188.
No velório da adolescente, que ocorreu na manhã desta segunda-feira (25), a mãe da aluna da Escola Estadual Professora Fausta Garcia Bueno, no bairro Coophasul, relatou que ela apresentava conflitos na escola, mas não faz uma relação direta entre o que ocorreu com a filha e os problemas escolares. Na última semana, ela teria brigado com uma aluna, contou a mãe, e brigas anteriores já teriam levantado alertas, pela direção, de expulsão, conforme relatou.
A assessoria de imprensa da SED (Secretaria Estadual de Educação), afirma que nesta segunda a escola adota procedimentos para sensibilizar os alunos. “Os gestores entram em contato com a família e, na sequência, passam a abordagem aos estudantes, para que situações como essa tenham a interferência reduzida no ambiente escolar”, explicou a assessoria.
Há contato com a família, com os estudantes e com a coordenadoria de psicologia, explicou a assessoria de imprensa da pasta. O diálogo com os estudantes, explicou, visa compreender de que forma a morte da colega afeta os outros alunos.
“Se uma situação mais delicada é detectada, a escola entra em contato com os pais para que estes autorizem a participação da CPED (Coordenadoria de Psicologia Educacional)”, pontuou a assessoria de imprensa da SED.
A SED nega registro de situações de conflito envolvendo a estudante. A pasta, no entanto, confirma a discussão com outra aluna e afirma que os pais foram chamados para diálogo, e que a questão havia sido resolvida.
“Vale ressaltar que a Secretaria de Estado de Educação (SED), por intermédio da Coordenadoria de Gestão Escolar, está em contato com a unidade escolar para acompanhar o caso”, concluiu.