Em MS, maioria das mulheres é assassinada dentro da própria casa
Dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) apontam que o Estado é o 3º do país no ranking do feminicídio
Mato Grosso do Sul tem a terceira maior taxa de feminicídio entre os estados do país, com 3,1 casos a cada 100 mil habitantes. Os dados fazem parte do Mapa do Feminicídio, divulgado nesta segunda-feira (1º) pela Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) e apontam também que a maioria das mulheres são assassinadas dentro das próprias casas.
O Mapa indica que só em 2019, foram assassinadas 30 mulheres em Mato Grosso do Sul em um contexto de violência doméstica. Em 11 dos casos os agressores usaram facas em outros nove foram revólveres ou pistolas. Outros meios cruéis como espancamento, estrangulamento também fazem parte das estatísticas.
A maioria das mulheres foram assassinadas dentro de casa. Em percentual, as mortes dentro das residências representaram, no ano passado, 77% do total. Neste mesmo período, foram registrados três casos de assassinato em que o agressor perseguiu a vítima no meio da rua e um em estrada vicinal de aldeia indígena.
O mapa chama atenção para uma característica deste tipo de crime: " a descaracterização de partes femininas da vítima ou o que a mulher tinha de mais precioso em sua aparência".
Um caso recente, ocorrido em Costa Rica, confirma esta informação. Na ocasião, o delegado Cleverson Alves comentou com a reportagem do Campo Grande News que a vítima, Marilei Ramos, de 32 anos, teve o rosto desfigurado a facadas pelo ex-namorado.
Quando o assunto é feminicídio, o Estado perde apenas para o Acre em que a taxa a cada 100 mil habitantes é de 3,4 e Mato Grosso com 2,5. Ao todo, 65 % dos municípios de Mato Grosso do Sul, equivalente a 51 dos 79, registraram ao menos um caso de morte violenta de mulher nos últimos cinco anos.
Quando se fala de feminicídio é importante ressaltar a motivação. Em um contexto de 415 homicídios, este é o total registrado no Estado em 2019, o número 30 não parece ser tão alto, mas a diferença está nos motivos.
Abaixo, o comparativo de crimes contra a mulher registrados em Mato Grosso do Sul e especificamente em Campo Grande, entre 2015 e 2018.
“O inconformismo com a separação é o maior motivo alegado pelos autores de feminicídio”, informa o Mapa. “Isto evidencia o sentimento de posse que os agressores nutriam pelas vítimas, não aceitando a vontade da mulher e não permitindo que tomassem as rédeas das suas vidas”.
O Mapa do Feminicídio de Mato Grosso do Sul foi feito por meio da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres (SPPM) em parceria com a Delegacia-Geral da Polícia Civil e divulgado nesta segunda-feira (1º), Dia Estadual de combate a este tipo de crime. O objetivo é sistematizar os dados para criar políticas públicas de enfrentamento à violência contra a mulher.