Empresa da obra do Lago do Amor tem contratos de 51 milhões
A empreiteira ficou "especializada" em obras emergenciais, conforme consulta no Diário Oficial
A empresa que reconstruiu a passarela do Lago do Amor, em Campo Grande, e que desabou 31 dias depois, detém R$ 51.474.690,51 em contratos, desde 2019, com o Governo de Mato Grosso do Sul e as prefeituras de Ponta Porã e da Capital.
Do total, R$ 6,2 milhões são para "socorrer" o governo e as prefeituras na execução de obras emergenciais. O contrato mais recente foi firmado em 25 de outubro com a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul) e pagará R$ 479,9 mil para recuperar áreas degradadas, no acesso ao núcleo industrial da cidade de Ribas do Rio Pardo.
Aberta há 23 anos, com o nome Conseng Consultoria, Engenharia e Incorporações, na cidade de Três Lagoas, mudou a sede para Campo Grande e passou a ser conhecida como CCO. Foi proprietário da empresa por 22 anos, desde sua abertura, Francisco de Assis Cassundé Ferreira, nomeado em janeiro deste ano como diretor de Infraestrutura Rodoviária da Agesul.
A mesma Agesul contratou a CCO para recuperar o acesso ao núcleo industrial de Ribas. Chico Cassundé deixou a empresa em 13 de dezembro do ano passado, 24 dias antes de assumir o atual cargo na Agesul.
Ex-operador de máquinas em Três Lagoas, Maycon Matias dos Santos foi antecessor de Francisco na CCO. De trabalhador do ramo da construção civil passou a administrador da empresa e responsável pelos contratos assumidos com o poder público.
Maycon é suspeito de participação no furto de 15 metros de cano PVC. Ele chegou a ser preso e responde a processo judicial. Audiência sobre o caso está marcada para este mês de novembro.
Conforme boletim de ocorrência registrado em 2020, Maycon trabalhava em empresa do ramo de engenharia que prestava serviços para a Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) e participou do furto dos canos, além de outros materiais.
Atual dono - A empresa é hoje administrada por Renato de Márcio. Ele já foi proprietário de outra empreiteira, em Três Lagoas, a RJ Terraplanagem e Pavimentação. A empreiteira já não tem o mesmo nome e está nas mãos de outro administrador.
Renato também responde a ações judiciais. Nelas, é cobrado por cheques sem fundo dados a ex-fornecedores da antiga empresa. Um deles pede o pagamento de R$ 75,9 mil em valores atualizados. Em outra ação, fez acordo com o credor para pagar R$ 22,6 mil.
No comando da CCO, Renato administra capital social empresarial declarado em R$ 5,1 milhões à Receita Federal e está à frente de obras com contratos ainda vigentes em Ponta Porã e na Capital, onde terá que mandar refazer a obra da passarela do Lago do Amor.
Respostas - A reportagem tentou ouvir os ex-proprietários e o atual da CCO, mas sem sucesso. Esteve também na sede da empresa e foi atendida por funcionários, que repassaram apenas o telefone do engenheiro responsável pela obra de Campo Grande.
Quanto à relação entre a Agesul e Francisco Cassundé, a assessoria de imprensa se manifestou reiterando que o diretor não é mais um dos proprietários empresa. "Ele saiu do quadro de sócios no ano passado, quando vendeu a parte dele", afirmou.
Sobre a obra em Ribas do Rio Pardo, a assessoria detalhou que "será o primeiro contrato da Agesul com a empresa" e que "a Prefeitura [de Ribas do Rio Pardo] apresentou projeto para recuperação do local e a Agesul fez a contratação emergencial da obra, conforme trâmites legais. Três empresas que atuam na região foram convocadas para apresentar propostas. A melhor delas foi escolhida".
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News.