Filha de João Amorim questiona empréstimo milionário e acusa irmãs de fraudes
Ana Lúcia já acionou a Justiça, pede investigação do Ministério Público e cita até lavagem de dinheiro
Acusando as irmãs, tia e madrasta de falsidade ideológica e até de possível lavagem de dinheiro, a empresária Ana Lúcia Amorim, filha do empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, denunciou parte da família para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul.
No pedido requer que “seja instaurado procedimento investigatório criminal para apurar crimes de falsidade ideológica ou de uso de documento falso e, a depender do seguimento das investigações, a prática de outros crimes correlatos ou decorrentes, inclusive o de lavagem de dinheiro”, ressalta o documento assinado pelo advogado Tiago Bana Franco.
Ela já tem sete ações na Justiça contra as irmãs Ana Paula Amorim e Renata Amorim, a tia Maria Antonieta Amorim dos Santos e a madrasta, Tereza Cristina Pedrossian Cortada Amorim sobre prestação de contas, arrolamento de bens, exibição de documentos e dissolução parcial com apuração de haveres.
Neste caso específico, referente à empresa Areias Patrimonial Ltda, com sede em São Paulo, foi aberto processo no ano passado, entretanto, foi determinado pelo magistrado, em janeiro deste ano, que o caso fosse levado a alguma das varas de justiça daquele Estado.
Entretanto, a situação foi denunciada ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul em 5 de setembro e deve ser distribuída para alguma das promotorias de Campo Grande. A denúncia é sobre aumento de capital social da empresa, que é uma holding aberta para administrar imóveis rurais da família.
Conforme citado na denúncia por Ana Lúcia, ela não votou na reunião da holding que deliberou sobre o aumento do capital social da empresa porque não entendeu os termos sobre “eventuais créditos detidos em face da sociedade”. Mesmo assim, houve alteração contratual na Junta Comercial de São Paulo, já que as demais votaram a favor do aumento. Com a mudança, Ana Lúcia ficou com cota menor na sociedade.
Assim, ao receber a ata da reunião, pediu às sócias que lhe informassem quais créditos seriam os discutidos em reunião realizada em 11 de outubro do ano passado. Ela recebeu resposta de que a sociedade seria devedora da sócia Ana Paula Amorim Dolzan, “em decorrência de operações de empréstimos realizadas pela referida sócia à subscritora, no valor total aproximado de R$ 56.342.294,00”.
Ou seja, Ana Paula teria emprestado às demais sócias - excluindo-se Ana Lúcia - tal quantia e assim, elas se tornaram credoras face à subscritora”. Ana Lúcia pediu os detalhamentos desses empréstimos, como extratos bancários, por exemplo, mas não os obteve.
A desconfiança dela de que os empréstimos nunca foram feitos decorre principalmente do fato da Areias Patrimonial ser uma empresa exclusiva para administração de imóveis do grupo e sem entender a razão de um empréstimo de R$ 56,3 milhões ela questionou mais uma vez a sociedade, sem sucesso.
Para Ana Lúcia, que chama a situação de “trama”, “o intuito das demais quotistas, ao participarem da falsidade ideológica (declaração de que a sociedade seria devedora da sócia Ana Paula), era e é o de reduzir drasticamente a participação da ora representante e aumentar a delas, além de possivelmente estar a ocorrer uma tentativa de lavagem de capital, eis que tudo leva a crer que o suposto crédito/débito utilizado para o aludido aumento de capital não existe”.
Com a alteração do contrato social da empresa, o capital passou de R$ 22.285.972,00 para R$ 78.628.266,00. Isso através de “declaração diversa da que devia ser escrita, promovendo artificialmente a elevação do capital social da sociedade, com a finalidade de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante e prejudicar patrimonialmente a ora representante, além de provavelmente estar se configurando com essa falsidade o crime de lavagem de dinheiro”.
A reportagem tentou contato com 5 advogados que representam as partes, mas não obteve resposta sobre esse processo.
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