Esquema teve propina de R$ 4,3 milhões em contas da família Mariano
MPF denunciou lavagem de dinheiro de Giroto, Afif e Beto Mariano
O esquema de propina e lavagem de dinheiro investigado na Operação Lama Asfáltica, teve o repasse de R$ 4,3 milhões, em três anos, para contas da família do ex-deputado estadual e servidor da Agesul, Wilson Roberto Mariano. É o que consta na denúncia feita pelo MPF (Ministério Público Federal), acatada pela Justiça Federal.
Segundo a denúncia, o servidor usava contas da filha, Mariane Mariano e da esposa, Maria Helena Miranda, para fazer o repasse de recursos ilícitos e posteriormente "lavar o dinheiro" na compra de imóveis e fazendas. Ele era o "administrador" das contas, assim como das propriedades adquiridas supostamente com propina.
As autoridades notaram que a conta bancária de Mariane foi 6,5 vezes superior aos seus rendimentos em 2012, 17 vezes a mais em 2013 e 21 (vezes) no ano de 2014. A investigação mostra a compra de fazendas feitas em nome da filha de Beto Mariano, junto com o ex-secretário estadual, Edson Giroto e João Afif Jorge, coordenador da Agesul.
Os recursos ilícitos do trio (Giroto, Afif e Beto Mariano) eram repassados para conta da Mariane, para "despistar" os patrimônios e movimentação financeiras, já que eram servidores públicos do Estado. Estes depósitos também foram feitos na conta de Maria Helena, tendo Beto Mariano procuração para fazer a gestão das contas e propriedades.
Durante busca e apreensão na casa de Beto Mariano, foi encontrada diversas anotações sobre despesas de propriedade, dados bancários e recibo de pagamento de parcelas da Fazenda Maravilha, em valor superior a R$ 1,5 milhão. Para as autoridades, os contratos de compra e venda de imóveis eram falsos, com a única finalidade de "ocultar" os bens dos acusados.
De acordo com o MPF, de setembro de 2013 a março de 2016, foram repassados R$ 4,3 milhões de propina neste esquema, direto para as contas da família Mariano. O marido de Mariane, João Pedro Figueiro Dornellas, também foi denunciado, por fazer um depósito expressivo, de dinheiro em espécie, nas contas de sua esposa e sogra, que depois foi usado para a compra da Fazenda Maravilha.
O Campo Grande News entrou em contato com o advogado Hilário de Oliveira, que representa Beto Mariano, sua esposa e filha. Ele alega que a denúncia é "imaginação e criação espontânea" da Polícia Federal e MPF e que "não existem provas e nem sustentação que estes recursos foram frutos de propina".
Já o advogado Valeriano Fontoura, que representa Edson Giroto e João Afif, disse que não existe nenhuma prova de pagamento de propina a seus clientes e que a movimentação financeira dos mesmos foram declaradas. "São suposições sem provas feitas pelo MPF, onde não existem sequer indícios de propina".
Denúncia - A Justiça Federal acatou as denúncias feitas pelo MPF (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) e agora 13 dos denunciados na Operação Lama Asfáltica são réus no processo, que os acusa de desvio de recursos públicos que deveriam ser destinados para obras, além de lavagem de dinheiro.
Entre os acusados estão o ex-secretário de Obras do Governo, Edson Giroto, o cunhado dele, Flavio Henrique Scrocchio, e a esposa do ex-secretário, Rachel Giroto. Eles são citados na primeira denúncia.
Na segunda, está o servidor Wilson Roberto Mariano, o Beto Mariano, a filha dele, Mariane Mariano, Maria Helena Miranda, João Afif Jorge e João Pedro Figueiró, além de Edson Giroto novamente. Em terceira denúncia, são citados o empreiteiro João Amorim, Ana Paula Dolzan, Ana Lúcia Amorim, Renata Amorim e Elza Cristia Araújo dos Santos.