Fotos em trecho onde lobo-guará foi atropelado mostram massacre da fauna
Capivara, tamanduá-mirim e outros bichos não sobrevivem a atropelamentos
No mesmo trecho onde lobo-guará foi atropelado e causou comoção por ficar sem andar, abandonado no asfalto, fotos feitas nesta segunda-feira (8), pouco mais de 24 horas após o acidente com o espécime sobrevivente, registram o massacre da fauna.
“Aumentou muito acidentes com esses animais nessa rodovia MS-162, no trecho entre Sidrolândia e Maracaju”, comentou policial militar que está sempre pelo local e preferiu não ter o nome divulgado. Nesta manhã, ele fotografou pelo menos quatro carcaças. Capivaras, tamanduá-mirim e outros animais não tiveram a mesma “sorte” do lobo e corpos estão estirados pelo acostamento.
Um das explicações é que o fluxo de veículos pela rodovia tem sido cada vez mais intenso por ser um dos acessos ao Paraguai pelo território sul-mato-grossense. Há bastante tráfego noturno, como forma de escapar da fiscalização, mas segundo o PM, o trânsito é mais pesado entre 4h e 23h. “Fluxo intenso e alta velocidade”.
Resgate – Na manhã deste domingo (7), a PMA (Polícia Militar Ambiental) resgatou um lobo-guará machucado na MS-162, a aproximadamente 92 km da Capital. Segundo Solange Barbosa, moradora do Assentamento Geraldo Garcia, o animal foi encontrado por moradores locais. “A gente sinalizou a BR, porque estava bem na beirada do asfalto. Ficamos cerca de uma hora por ali, sinalizando com cones. Mas não chegamos tão perto do animal, porque estava muito bravo”, relatou.
O lobo foi imobilizado e levado até o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), onde foi sedado e passou por cirurgia de emergência para a retirada do baço, para estancar hemorragia intensa. O macho adulto também fraturou vértebra da coluna lombar e ainda não se sabe como será a recuperação, segundo as médicas veterinárias Jordana Toqueto e Aline Bitencourt.
O lobo-guará, símbolo do cerrado, é uma espécie frequentemente listada como vulnerável pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e é considerado em alto risco de extinção.
Legislação – A Lei 9605/98 estabelece que matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre é considerado crime ambiental. Se o atropelamento for considerado intencional, o condutor pode ser punido.