Fugitivo muda versão e diz que foi obrigado a testemunhar contra carcereiros
Cristian Javier Benítez Vera havia dito que líderes do PCC pagaram agentes para sair pela "porta da frente"
Depois de declarar que líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) no presídio de Pedro Juan Caballero fugiram pela “porta da frente”, Cristian Javier Benítez Vera, o prisioneiro que se rendeu nesta quarta-feira (22), três dias após fuga em massa, mudou totalmente a versão dada à polícia ontem. Segundo apurou o jornal paraguaio ABC Color, agora ele afirma que foi obrigado a testemunha contra os agentes penitenciários.
Vera se entregou ontem, segundo ele, a pedido dos pais. Ele contou que estava escondido em matagal, negou ser membro do PCC, mas confessou que foi convidado pelos líderes da facção a participar da fuga. Para a polícia, explicou que não sabia do plano, mas assim como outros presos, aproveitou a movimentação para escapar.
Também ontem, ele disse que os “chefões” da organização criminosa saíram pelo portão de acesso à penitenciária, mas ele e outros internos usaram o túnel escavado de cela até a área externa da unidade prisional. Ainda sobre a fuga das lideranças, o prisioneiro havia dito que carcereiros receberam dinheiro para “abrir o portão”.
No entanto, mais tarde, Vera deu novas declarações, enfatizando: "ninguém nos libertou", ainda conforme matéria do ABC Color. O fugitivo completou dizendo que todos escaparam pelo túnel e que quase ninguém sabia da escavação.
Condenado por roubo, ele acusou a polícia de levá-lo ao Departamento de Investigações para pressioná-lo a testemunha contra os guardas. A família do fugitivo que se entregou denunciou ao ABC Color que Vera foi "maltratado fisicamente".
A hipótese de uma liberação dos presos é investigada pela polícia paraguaia desde domingo, pois os cadeados não estavam arrombados e seria impossível não notar o trabalho de escavação do túnel, já que os internos deixaram 200 sacos de areia em uma cela "fechada".
A situação resultou na prisão do diretor da penitenciária Christian González e de 30 agentes da unidade. Todos tiveram a prisão preventiva decretada, na terça-feira (21), e foram transferidos justamente para o Presídio de Pedro Juan Caballero, onde trabalhavam. Na manhã de ontem, a unidade amanheceu com a presença policial reforçada.