Obras de R$ 930 milhões criam acessos a áreas remotas e ampliam produção de MS
Estradas acessíveis o ano todo beneficiam Corumbá, Porto Murtinho, Miranda, Aquidauana, Rio Verde e Coxim
Em Mato Grosso do Sul, a interligação dos pantanais da Nhecolândia, Paiaguás, Abobral e Nabileque por estradas implantadas, por meio de recursos do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de MS), está ampliando a capacidade produtiva do agronegócio do Estado. Em algumas propriedades rurais, que funcionam 90% no sistema de cria, a engorda passou a ser introduzida, o que era inviável antes de haver acesso por estradas transitáveis.
“A facilidade do escoamento da produção vai gerar a melhoria genética do rebanho e o Pantanal se tornará em breve um novo celeiro de engorda”, avalia o produtor Luciano Aguilar Leite, de Corumbá.
Estrutura - São 1,5 mil quilômetros de estradas acessíveis durante todo o ano nos municípios de Corumbá, Porto Murtinho, Miranda, Aquidauana, Rio Verde e Coxim com obras no custo de R$ 930 milhões, totalmente provenientes do Fundersul, que ampliam não só a capacidade de produção rural do Estado, como também o potencial turístico.
Diversos trechos das estradas possuem aterros elevados em até três metros de altura, com malha cascalhada, com material in natura e vazões hidrológicas que levam em consideração os períodos sazonais do Pantanal, com sistema de drenagem de pontes e galerias, de acordo com técnicos do Departamento de Suporte de Manutenção Viária, da Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), executora das obras.
Na região da Nhecolândia, a Fazenda Santa Alayde, localizada em Corumbá, produz gado de corte em grande escala com abate de 6 mil bois por ano. Antes de haver estrada, o caminhão boiadeiro levava um dia para chegar à Serra da Alegria, próxima a BR-163. Hoje, são apenas quatro horas de viagem.
“O acesso proporcionou ao pantaneiro benefícios incalculáveis”, afirma o pecuarista Olímpio Stehler Neto, 34, gerente da fazenda, que destaca também os benefícios do abastecimento de energia elétrica e os incentivos fiscais concedidos pelo atual governo.
Para o presidente do Sindicato Rural de Corumbá, Gílson de Barros, o pantaneiro ainda não tem noção do que representa os investimentos do governo na infraestrutura da região. “Vai reduzir drasticamente o frete absurdo, um dos mais caros do Brasil, e triplicou o valor da terra”, pontua.
Histórico - Antes dos últimos investimentos no Pantanal sul-mato-grossense, as estradas não apresentavam infraestrutura, com acúmulo de areia e trechos alagados que dificultavam o acesso. A situação começou a mudar com o programa de integração viária do Pantanal há cinco anos, com a implantação em revestimento primário das MS-423 (Serra da Alegria-Conceição) e MS-228 (BR-419-Conceição), numa extensão de 98,8 km, entre Rio Negro, Aquidauana, Rio Verde e Corumbá, em direção à planície da Nhecolândia.
Em 2018 foi implantado o acesso ao Corichão, com 19 km a partir da MS-228 e, em 2020, foram abertos 40 km da MS-228, da Curva do Leque até a Fazenda Alegria. Em outro extremo, de Corumbá a Porto Murtinho, o prolongamento da MS-243, com 29 km, e da MS-195, com 25 km em direção ao Naitaca, garantiu acesso ao centro criatório do Nabileque.
Em execução - Na mesma região, está em obras a ligação de Porto Esperança, de 11 km, com a BR-262, e em licitação o acesso de 60 km ao Forte Coimbra, pela BR-454. O maior volume de obras concentra-se entre a Nhecolândia e o Paiaguás, em várias frentes. Na MS-228 foram concluídos mais 50 km da estrada (fazenda Pica-Pau) e outro trecho (Campo Alto-Campinas), de 50 km, está com 20% do aterro finalizado. A ligação da MS-228 com a MS-214 (a sonhada integração Nhecolândia-Paiaguás) é uma realidade: foram concluídos 54,3 km da Estrada do Taquari, chegando à ponte sobre o rio do mesmo nome, e 45 km estão em obras, com aterro finalizado.
A ligação da MS-228 se dará entre as fazendas Campinas e Alegria, cujo aterro de 50 km foi concluído. Em licitação 45 km ao Porto Rolon, pela MS-228, e, mais ao norte, foram implantados 22 km da MS-214 e 59 km estão com 70% rematados.
A meta do governo é interligar os pantanais de MS ao Porto Jofre, em Poconé (MT), na divisa com Mato Grosso do Sul pela MS-214, que sai de Coxim. São cinco trechos e um segundo, de 35 km, está em processo de licitação.