Pela 1ª vez em nove anos, MS não registra nenhuma morte por gripe
De 2012 para cá, o ano com menos registros de óbito por gripe foi 2017, com sete casos
Caso os números permaneçam como estão, será a primeira vez em nove anos, que Mato Grosso do Sul não registrará nenhuma morte por gripe. Os dados do Boletim Influenza/SRAG da SES (Secretaria de Estado de Saúde) mostram que em 2021, até agora, ninguém morreu vítima da doença.
No ano passado, foram 8 óbitos e um ano antes, 68. De 2012 para cá, o ano com menos registros de morte por gripe – seja ela H1N1 ou outro subtipo – foi 2017, com sete e o com mais casos, 2016, com 103 pessoas falecidas por conta da doença.
O mesmo documento registra os casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que é doença causada por vários vírus respiratórios, entre eles, o Influenza e o Sars-Cov 2, causador da covid-19. O salto na quantidade de pessoas hospitalizadas com a síndrome é imensa entre 2020 e 2021, saindo de 18,4 mil para os atuais 31 mil, quase duas vezes mais.
A explicação? A própria covid-19, sendo que a maioria desses casos, segundo o pesquisador e infectologista Julio Croda, não positivou para a doença seja por falta de testes ou mesmo por resultado inconclusivo. “Como a covid foi muito mais importante nesses dois últimos anos, isso certamente é covid não identificada”, analisa.
E faz sentido, uma vez que se forem comparadas as quantidades de notificações de SRAG em Mato Grosso do Sul, em anos anteriores – como 2018 e 2019, por exemplo – os números são bem menores, com 1.117 e 1.634 notificações, respectivamente.
Vale ressaltar que apesar dos testes realizados nas pessoas internadas com SRAG não terem identificado nenhum caso de gripe este ano, em 2020, foi um pouco diferente, com 80 das 18,4 mil notificações positivadas, sendo 69 de Influenza A – 16 da variante H1N1 – e 11 de Influenza B.
Outros vírus que podem causar SRAG são Adenovírus, Metapneumovírus, Vírus Sincicial Respiratório, três tipos de Parainfluenza, entre outros. Dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do começo do mês, indicavam tendência de aumento de registros de síndrome respiratória em Mato Grosso do Sul nos próximos meses.
O monitoramento de SRAG pelas autoridades em saúde, principalmente, a partir de fevereiro do ano passado, é um sinalizador do impacto da covid-19 e seu aumento é proporcional aos casos da doença.
Vacinação - Tem havido queda na cobertura da vacinação contra gripe nos últimos anos e, em 2021, não foi diferente, com apenas 79,94% do público-alvo vacinado em Campo Grande, segundo levantamento de setembro da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Até 1º de setembro, foram aplicadas 199.922 doses da vacina nos públicos prioritários da campanha, o que totaliza 79,94%. O quantitativo total de doses encaminhadas pelo Ministério da Saúde é suficiente para ultrapassar a meta preconizada de 90% de cobertura do público prioritário da vacinação.
“Percebemos a baixa adesão pela vacinação desde o início, mesmo com a ampliação para o público em geral a partir do início de julho, não foi suficiente para que tivéssemos o resultado esperado”, explica o secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho.
Dentro dos públicos prioritários, apenas dois conseguiram atingir a cobertura recomendada, são eles: as crianças de seis meses a menores de seis anos de idade, com 96,8% do público vacinado, e os idosos, que tiveram 101,73% de cobertura.
Outros grupos que, em anos anteriores, também ultrapassavam o preconizado para vacinação e, neste ano, não houve tanta adesão, são os trabalhadores da saúde (88,29%) e os da educação (65,47%).