Pessoas com deficiências ocultas terão atenção de programa inédito em MS
Governador, primeira-dama, secretária e representantes de instituições participaram do lançamento hoje (2)
Na tarde desta terça-feira (2), que é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, foi lançado no auditório do Bioparque Pantanal programa do Governo de Mato Grosso do Sul que promete ajudar a melhorar a relação da sociedade com pessoas que têm alguma deficiência oculta como o próprio TEA (Transtorno do Espectro Autista) e a paralisia cerebral, por exemplo.
O governador Eduardo Riedel participou do evento junto à primeira-dama Mônica Riedel. A secretária de Cidadania, Viviane Luiza, e representantes de instituições que defendem direitos das pessoas com deficiência em Mato Grosso do Sul, também.
MS Acessível será o nome da ação que, segundo o governo, é inédita no Estado e no Brasil.
Eduardo Riedel destacou que ela foi lançado para "Mato Grosso do Sul continuar se desenvolvendo sem deixar ninguém para trás" e em parceria com instituições da sociedade civil que lutam há anos para dar visibilidade "às deficiências que não têm cara e são incompreendidas" por não serem facilmente perceptíveis pela maioria das pessoas.
Medidas - Na prática, o programa prevê dar cursos a servidores públicos estaduais de todas as cidades de Mato Grosso do Sul, ensinando a atender com respeito e empatia pessoas com deficiência e seus acompanhantes em locais como o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e outras repartições que atendem ao público. Quem estiver capacitado receberá um cordão branco e poderá atendê-los com prioridade.
O que vai facilitar a identificação do grupo prioritário será o uso do cordão verde estampado com girassol, símbolo que é reconhecido mundialmente e validado em Mato Grosso do Sul por lei estadual de 2022. Outro pioneirismo foi essa legislação, acrescentou o governador. Uma lei federal instituindo a medida veio só depois, no ano seguinte.
Empresas já estão procurando o governo para capacitar seus funcionários também, mas isso só será possível após as capacitações de servidores terminarem, conforme dito no lançamento. Estão certificados 780, até o momento.
Além disso, o MS Acessível vai unir outras pastas do governo para promover ações voltadas à integração de pessoas com deficiência oculta, como explica a secretária de Cidadania. "Estamos com um projeto de turismo acessível que vai começar por Bonito, faremos mapeamento de políticas públicas [para pessoas com deficiência nos municípios], e uma ação para aprimorar inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho", cita.
O governo estima que Mato Grosso do Sul tenha 9 mil habitantes com alguma deficiência oculta. O dado não é oficial, mas foi comentado hoje no Bioparque Pantanal.
Não sabia e admite - Durante discurso no lançamento, a primeira-dama admitiu que já percebeu na própria fala termos considerados preconceituosos e desconhecimento sobre como são amplas as necessidades das pessoas com deficiência.
"No primeiro evento público que participei com mães de pessoas com deficiência, vi que falei coisas erradas e achava que bastava uma rampa para haver acessibilidade. Ignorância que a maioria das pessoas pode ter, uma barreira [a vencer]", disse Mônica.
Ela reforça que o uso do cordão de girassol é aliado e será distribuído pelo governo, inclusive. "Parece coisa simples, mas quanto mais simples, maior é a adesão", falou.
Melhor momento - Presidente de associação de mães de pessoas com TEA, Naina Dibo comemorou esta terça como "o dia mais importante ano" para a família e para toda a comunidade de pessoas com deficiência oculta.
"Mesmo quando a gente fala sobre o cordão [de girassol], a maioria das pessoas com deficiência ainda passa por barreiras atitudinais", ressalta. O termo quer dizer comportamentos ou atitudes preconceituosas que ainda impedem acesso aos ambientes, convivência ou relacionamentos, seja intencionalmente ou não.
A subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, Telma Nantes, classifica este como "o melhor momento para efetivar políticas públicas" para este grupo. "Cerca de 21% da população tem deficiência, esse programa é uma 'arma' que eles têm agora", finaliza.
Banda Down - Formado por 22 pessoas com síndrome de Down e sete com TEA (Transtorno do Espectro Autista), o grupo abriu o evento de lançamento tocando "Ana Julia" dos Los Hermanos, na versão instrumental.
A inclusão de pessoas com autismo é novidade na banda, que existe há 18 anos na Capital e só admitia pessoas com síndrome de Down até pouco tempo.
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