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Cidades

Policiais civis fazem "greve" para alcançar 6º melhor salário do País

Delegacias ficarão fechadas por 24h; no sábado (21) categoria irá avaliar as propostas enviadas pelo governo

Por Fernanda Palheta e Clara Farias | 19/09/2024 09:10
Policiais civis se concentram em frente à Depac Centro durante segunda paralisação da categoria por melhoria salarial (Foto: Henrique Kawaminami)
Policiais civis se concentram em frente à Depac Centro durante segunda paralisação da categoria por melhoria salarial (Foto: Henrique Kawaminami)

Seguindo o cronograma de manifestações para cobrar reajuste salarial e melhores condições de trabalho, os policiais civis de Mato Grosso do Sul paralisaram as atividades pela segunda vez, na manhã desta quinta-feira (19). As delegacias de todo o Estado ficarão fechadas por 24 horas e voltarão ao atendimento normal a partir das 8h da sexta-feira (20).

Durante a manifestação haverá apenas serviços emergenciais, como prisões em flagrante, medidas protetivas, demandas relacionadas à Lei Maria da Penha, crimes envolvendo crianças e adolescentes e oitivas.

Com uma faixa comparando o desempenho e remuneração da categoria: "Polícia Civil de MS, a melhor Polícia Civil do Brasil e o 19º pior salário do País", os policiais se concentraram em frente à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, na Rua Padre João Crippa, para pedir reajuste para que o salário atinja a sexta posição no ranking nacional, aumento do auxílio-alimentação de R$ 400 para R$ 800; implementação do auxílio-saúde equivalente ao dos delegados; hora extra remunerada e adicional de fronteira.

O presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), Alexandre Barbosa da Silva, disse que a categoria está pedindo apenas o que foi prometido. "Nada mais é do que o que o governo do Estado prometeu, que é deixar a Policia Civil entre os seis melhores salários do Brasil. Infelizmente ele não está cumprindo isso", afirmou. A promessa feita pelo governo em 2016.

"O governo está nos obrigando a fazer isso porque temos uma sobrecarga de trabalho muito grande. Nosso deficit policial é de mais de 900 policiais e concurso que era para sair no começo do ano, não saiu até agora, então tudo isso influencia, além do salário", completou Barbosa.

A proposta apresentada pelo governo na quarta-feira (18) será analisada pelos policiais na próxima assembleia da categoria, neste sábado (21), mas o presidente do Sinpol adianta que não é o que queriam. "A categoria vai avaliar se vai aceitar ou não. Que é uma incorporação que ele já tinha feito e já tínhamos recusado, o que mudou é que colocou um abono nas classes iniciais para não ter redução salarial. Ainda está muito abaixo do que nós esperamos", pontuou.

Com a delegacia fechada, a administradora Elenice Carvalho, 40 anos, não conseguiu ser atendida. Ela tentou complementar o boletim de ocorrência que registrou online no último domingo (15), após ter a bolsa furtada do carro no estacionamento de um atacadista na Rua da Divisão. "Queria complementar o B. O. para tentar ressarcimento, todos os meus pertences estavam na bolsa, inclusive minha carteira. Faltei a aula para estar aqui e foi viagem perdida", lamentou.

Apoio - Os peritos oficiais forenses de Mato Grosso do Sul iniciaram a mobilização intitulada "Movimento de Pericia Legal", em apoio a paralisação do Sinpol. "Nós estamos funcionando, não estamos deixando a população sem nenhum atendimento, estamos fazendo simplesmente um movimento para mostrar para o Governo Estadual a nossa indignação com o tratamento que estamos recebendo", detalhou o presidente do Sinpof (Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul), Francisco Orlando Franco Tomaz de Almeida.

Peritos oficiais forenses de Mato Grosso do Sul em manifestação de apoio ao Sinpol (Foto: Henrique Kawaminami)
Peritos oficiais forenses de Mato Grosso do Sul em manifestação de apoio ao Sinpol (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele explica que a categoria de peritos oficiais também reivindica melhorias salariais, já que ocupam uma posição pior que a da Polícia Civil, com o 25º salário do Brasil, junto com o Distrito Federal. "Nós estamos numa situação muito difícil, ocasionando vários problemas em toda a categoria, tanto na questão de ansiedade, indisposição para trabalhar, que o ambiente já não é bom. Nós temos hoje 14 regionais do estado, várias são com casas alugadas, em ambientes que não chega a ter nem dois banheiros para que possam os peritos trabalhar", disse.

Segundo Francisco, os peritos ainda aguardam o envio de proposta do Governo, que deve chegar ainda hoje. "Estamos continuando com o movimento esperando negociação, que venha alguma coisa concreta para todos nós", finalizou.

Proposta - Governo do Estado encaminhou duas proposta para os policiais civis para tentar fechar um acordo com a categoria e encerrar as manifestações. A primeira mantém a oferta inicial de incorporar auxílio-alimentação de R$ 400 ao salário, podendo chegar a cerca de R$ 1.200 conforme a posição do policial na carreira. Para a menor remuneração, haveria, ainda, abono de R$ 130, diante  de descontos previstos na folha de pagamento. Essa iniciativa atenderia cerca de 3.200 pessoas, incluindo aposentados e pensionistas.

A segunda possibilidade, segundo Felini, é encurtar a progressão na carreira dos policiais, excluindo a fase inicial, que tem a menor remuneração, hoje em R$ 5,7 mil, o que elevaria o piso dos agentes a R$ 6,3 mil, atendendo cerca de 300 a 400 pessoas.

Caso não seja aprovada pela categoria no próximo sábado, o Sinpol sinaliza que o próximo passo será a deflagração de greve.

Matéria atualizada às 10h48 para acréscimo de informação.

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