Policiais civis fazem "greve" para alcançar 6º melhor salário do País
Delegacias ficarão fechadas por 24h; no sábado (21) categoria irá avaliar as propostas enviadas pelo governo
Seguindo o cronograma de manifestações para cobrar reajuste salarial e melhores condições de trabalho, os policiais civis de Mato Grosso do Sul paralisaram as atividades pela segunda vez, na manhã desta quinta-feira (19). As delegacias de todo o Estado ficarão fechadas por 24 horas e voltarão ao atendimento normal a partir das 8h da sexta-feira (20).
Durante a manifestação haverá apenas serviços emergenciais, como prisões em flagrante, medidas protetivas, demandas relacionadas à Lei Maria da Penha, crimes envolvendo crianças e adolescentes e oitivas.
Com uma faixa comparando o desempenho e remuneração da categoria: "Polícia Civil de MS, a melhor Polícia Civil do Brasil e o 19º pior salário do País", os policiais se concentraram em frente à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, na Rua Padre João Crippa, para pedir reajuste para que o salário atinja a sexta posição no ranking nacional, aumento do auxílio-alimentação de R$ 400 para R$ 800; implementação do auxílio-saúde equivalente ao dos delegados; hora extra remunerada e adicional de fronteira.
O presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), Alexandre Barbosa da Silva, disse que a categoria está pedindo apenas o que foi prometido. "Nada mais é do que o que o governo do Estado prometeu, que é deixar a Policia Civil entre os seis melhores salários do Brasil. Infelizmente ele não está cumprindo isso", afirmou. A promessa feita pelo governo em 2016.
"O governo está nos obrigando a fazer isso porque temos uma sobrecarga de trabalho muito grande. Nosso deficit policial é de mais de 900 policiais e concurso que era para sair no começo do ano, não saiu até agora, então tudo isso influencia, além do salário", completou Barbosa.
A proposta apresentada pelo governo na quarta-feira (18) será analisada pelos policiais na próxima assembleia da categoria, neste sábado (21), mas o presidente do Sinpol adianta que não é o que queriam. "A categoria vai avaliar se vai aceitar ou não. Que é uma incorporação que ele já tinha feito e já tínhamos recusado, o que mudou é que colocou um abono nas classes iniciais para não ter redução salarial. Ainda está muito abaixo do que nós esperamos", pontuou.
Com a delegacia fechada, a administradora Elenice Carvalho, 40 anos, não conseguiu ser atendida. Ela tentou complementar o boletim de ocorrência que registrou online no último domingo (15), após ter a bolsa furtada do carro no estacionamento de um atacadista na Rua da Divisão. "Queria complementar o B. O. para tentar ressarcimento, todos os meus pertences estavam na bolsa, inclusive minha carteira. Faltei a aula para estar aqui e foi viagem perdida", lamentou.
Apoio - Os peritos oficiais forenses de Mato Grosso do Sul iniciaram a mobilização intitulada "Movimento de Pericia Legal", em apoio a paralisação do Sinpol. "Nós estamos funcionando, não estamos deixando a população sem nenhum atendimento, estamos fazendo simplesmente um movimento para mostrar para o Governo Estadual a nossa indignação com o tratamento que estamos recebendo", detalhou o presidente do Sinpof (Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul), Francisco Orlando Franco Tomaz de Almeida.
Ele explica que a categoria de peritos oficiais também reivindica melhorias salariais, já que ocupam uma posição pior que a da Polícia Civil, com o 25º salário do Brasil, junto com o Distrito Federal. "Nós estamos numa situação muito difícil, ocasionando vários problemas em toda a categoria, tanto na questão de ansiedade, indisposição para trabalhar, que o ambiente já não é bom. Nós temos hoje 14 regionais do estado, várias são com casas alugadas, em ambientes que não chega a ter nem dois banheiros para que possam os peritos trabalhar", disse.
Segundo Francisco, os peritos ainda aguardam o envio de proposta do Governo, que deve chegar ainda hoje. "Estamos continuando com o movimento esperando negociação, que venha alguma coisa concreta para todos nós", finalizou.
Proposta - Governo do Estado encaminhou duas proposta para os policiais civis para tentar fechar um acordo com a categoria e encerrar as manifestações. A primeira mantém a oferta inicial de incorporar auxílio-alimentação de R$ 400 ao salário, podendo chegar a cerca de R$ 1.200 conforme a posição do policial na carreira. Para a menor remuneração, haveria, ainda, abono de R$ 130, diante de descontos previstos na folha de pagamento. Essa iniciativa atenderia cerca de 3.200 pessoas, incluindo aposentados e pensionistas.
A segunda possibilidade, segundo Felini, é encurtar a progressão na carreira dos policiais, excluindo a fase inicial, que tem a menor remuneração, hoje em R$ 5,7 mil, o que elevaria o piso dos agentes a R$ 6,3 mil, atendendo cerca de 300 a 400 pessoas.
Caso não seja aprovada pela categoria no próximo sábado, o Sinpol sinaliza que o próximo passo será a deflagração de greve.
Matéria atualizada às 10h48 para acréscimo de informação.
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