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Cidades

Com delegacias fechadas, policiais civis pedem melhores condições salariais

Das 8h ao meio-dia, as delegacias do Estado vão atender apenas serviços urgentes como prisão em flagrante

Por Viviane Oliveira e Antonio Bispo | 05/09/2024 09:05
Policiais durante a paralisação em frente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário, na Rua Padre João Crippa (Foto: Henrique Kawaminami)
Policiais durante a paralisação em frente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário, na Rua Padre João Crippa (Foto: Henrique Kawaminami)

Policiais civis de Mato Grosso do Sul paralisaram as atividades na manhã desta quinta-feira (5) para reivindicarem melhores condições salariais. Das 8h ao meio-dia, as delegacias do Estado vão atender apenas serviços urgentes como prisão em flagrante, demandas relacionadas à Lei Maria da Penha, crimes envolvendo crianças e adolescentes e oitivas.

Os policiais querem reajuste de 28% no subsídio, para que o salário atinja a sexta posição no ranking nacional, aumento do auxílio-alimentação para R$ 800, implementação do auxílio-saúde equivalente ao dos delegados, plantões voluntários remunerados e adicional de fronteira.

Com tenda, caixa de som e microfone em frente à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro, na Rua Padre João Crippa, Alexandre Barbosa da Silva, presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul), disse que a paralisação desta manhã é um alerta ao Governo do Estado. “Nós queremos conversar, mas até o momento o governo não abriu esse diálogo, está intransigente e não fez nenhuma proposta, mas nós vamos atrás do que foi prometido”, destacou.

Alexandre explicou que os policiais estão aguardando a comissão de deputados estaduais que foi criada na Assembleia Legislativa para mediar a negociação. “A primeira reunião é na terça-feira (13), enquanto isso nós estamos dando sinais de que queremos conversar. Não queríamos chegar a esse ponto [de paralisação], porém é um direito nosso reivindicar porque o nosso salário é um dos piores do País, mas o nosso trabalho é um dos melhores. Então existe uma contradição, a gente trabalha muito e recebe pouco”, explicou.

Emanuelle não conseguiu atendimento nesta manhã (Foto: Henrique Kawaminami) 
Emanuelle não conseguiu atendimento nesta manhã (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo o sindicalista, atualmente é previsto trabalhar 40 horas semanais, o que rege a lei, porém os policiais acabam trabalhando mais, principalmente no interior do Estado. “A gente não recebe hora extra e os policiais do interior, por exemplo, ficam em escala de sobreaviso, se chegar um flagrante, o policial que está de folga precisa trabalhar como se fosse escala de serviço, mas não recebe nada por isso”, reclamou. Alexandre alerta que, se for preciso, será deflagrada uma greve futuramente.

Com a delegacia fechada, a funcionária pública Emanuelle Siqueira, de 39 anos, deu com a cara na porta. Ela foi tentar buscar documento de atendimento de ocorrência na Depac Centro para levar na Energisa e não conseguiu. A servidora é dona de uma das residências que foi atingida por um caminhão, dirigido por adolescente, no mês passado.

O dono do veículo está arcando com todos os custos, os inquilinos estão ficando em hotéis, porém as casas estão sem padrão de energia e ela precisa de uma cópia do b.o para repassar à concessionária de energia.

“Estou tentando há 1 semana, mas sempre que venho não dá certo. Ontem eu vim e pediram para retornar hoje, mas a delegacia está fechada. Não sabia da paralisação. Entendo que eles [os policiais] precisam de um salário justo, mas a população não pode ficar na mão e precisa de atendimento de qualidade”, desabafou.

Peritos também se manifestaram para pedir melhores salários e condições de trabalho (Foto: Direto das Ruas)
Peritos também se manifestaram para pedir melhores salários e condições de trabalho (Foto: Direto das Ruas)

Peritos - Reunidos em frente à Coordenadoria-Geral de Perícias,  na Rua Aníbal de Tolêdo, os peritos também reivindicam melhores salários. Conforme Francisco Orlando Franco Tomaz de Almeida, presidente do sindicato dos peritos oficiais, a perícia de Mato Grosso do Sul tem o 3ª pior salário do Brasil.

Ele explicou que atualmente o salário inicial está em pouco mais de R$ 9 mil. “Quando a gente faz concurso com grau de dificuldade alta, a maioria dos aprovados aproveita outras oportunidades com salários maiores em outros estados e acabam indo embora. “Desde o concurso de 2022 até agora, das duas turmas que entraram para começar a trabalhar, nós já perdemos 17 peritos,” contou.

Segundo Francisco, no Estado do Paraná, por exemplo, o salário inicial de um perito oficial é de R$ 26 mil. “Essa é uma manifestação pacífica sem prejudicar os trabalhos que são prestados da melhor maneira possível”, destacou. Diferente dos policiais civis, os peritos não estão paralisados. A categoria também reivindica melhorias na estrutura das 14 unidades regionais, pedem auxílio-alimentação e auxílio médico.

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