Preso, não há data para Fahd ser ouvido pela Justiça em processos
Andamento foi normal enquanto ele esteve foragido e agora a previsão de interrogatório é na fase final
Na cadeia desde ontem, depois de meio século quase sendo apontado como chefe do crime organizado na região fronteiriça ao Paraguai em Mato Grosso do Sul e 10 meses foragido, Fahd Jamil, 79 anos, não tem previsão de ser ouvido oficialmente sobre as acusações que pesam contra ele na Justiça. A fase de instrução dos processos da operação Omertà pelos quais responde já passou e, agora, a previsão é de interrogatório só na fase final das ações. Isso pode levar meses, segundo operadores do Direito ouvidos pelo Campo Grande News.
São três, duas relacionadas a formação de organização criminosa, milícia armada, tráfico de armas, corrupção de agentes públicos, e outra como mandante da execução do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, de 62 anos, ocorrida em junho de 2018, há quase três anos portanto.
No Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), Fahd não foi ouvido, porque todos os inquéritos tocados pela força-tarefa que o investigou já foram concluídos, encaminhados ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul, e transformados em processos, com a denúncia à Justiça.
Nessas ações, foi apresentada peça com as argumentações da defesa do réu, sempre apontando falta de provas contra ele.
Custódia – Nesta terça-feira (20), o “Patrão da Fronteira” ficará na frente do juiz, por vídeo, mas não serão tratadas as acusações contra ele. Com o magistrado no Fórum, os advogados cada um em seu escritório, em Campo Grande e em São Paulo, e o preso em uma sala do Garras.
Essa será a dinâmica da videoaudiência de custódia. O preso vai passar pelo procedimento previsto em lei para o magistrado conferir se a prisão cumpre os requisitos e se foi tudo feito de forma a preservar os direitos do preso. É praxe perguntar, por exemplo, se houve algum tipo de violência no cumprimento da ordem de prisão.
Quem vai fazer a sessão é o juiz Roberto Ferreira Filho, titular da 1ª Vara Criminal, responsável por duas das ações contra Fahd Jamil, em consequência das investigações da operação Omertá. A força-tarefa que levou o “Rei da Fronteira” à prisão trabalha há dois anos para desmantelar organizações criminosas em Campo Grande e em Ponta Porã, cidade onde Fahd sempre viveu, com bens tanto no Brasil quanto no Paraguai, e suspeitas de envolvimento com o mundo do crime há décadas.
Saúde frágil – Os advogados do réu, Gustavo Badaró, de São Paulo, e André Borges, de Campo Grande, apresentaram pedido de prisão domiciliar ontem, ao mesmo magistrado. Então, durante a audiência de custódia, ele poderá apreciar essa solicitação.
A tese dos advogados é voltada principalmente às enfermidades do cliente, diabetes, hipertensão e problemas respiratórios, por ter apenas um pulmão e o outro com capacidade reduzida.
Nesta tarde, o juiz pode ainda determinar realização de perícia médica oficial, para verificar o estado de saúde do detento, definido como bastante debilitado pelos defensores.
No pedido em si, primeiro vai ser ouvido o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) para depois o magistrado opinar, representante do MPMS no processo.
A decisão sobre onde o "Rei da Fronteira" vai aguardar julgamento depende desse encaminhamento. Se for mantido preso, não há definição sobre para onde será levado. É considerado um preso perigoso por dois aspectos: por chefiar quadrilha fortemente armada, segundo as investigações, e por sofrer ameaças do PCC (Primeiro Comando da Capital).