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Cidades

Puxados pelo PIX, crimes virtuais dobram em MS

De janeiro até 15 de abril deste ano, já foram registrados 1.126 casos

Aline dos Santos | 24/04/2022 07:52
O envio de imagens íntimas vira oportunidade para ameaças e tentativas de extorsão. (Foto: Henrique Kawaminami)
O envio de imagens íntimas vira oportunidade para ameaças e tentativas de extorsão. (Foto: Henrique Kawaminami)

Os crimes virtuais dobraram em Mato Grosso do Sul no comparativo entre 2020 e o ano passado. Os golpes abrangem novas tecnologias, como o PIX, mas as modalidades mais comuns são as que envolvem pessoas em busca de parceiros. Nesta classificação, entram o “Romance Scams”, em que o golpista se passa por militar dos Estados Unidos à procura de namorada, e o “SexStorsion”, em que fotos de mulheres bonitas viram iscas para conversas de cunho sexual e futuras extorsões.

O número de registros praticamente dobrou do ano de 2020 para 2021, saltando de 1.781 para 3.529 ocorrências. Neste ano, de janeiro até 15 de abril, já foram registrados 1.126 casos de crimes virtuais. Os dados são da Polícia Civil e o investigador Michel Weiler Neves, especialista em Segurança da Informação na Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), detalhou medidas de segurança em entrevista ao portal de notícias do governo de Mato Grosso do Sul.

De acordo com o especialista, crimes cibernéticos são aqueles que utilizam computadores, redes de computadores ou dispositivos eletrônicos conectados para praticar ações criminosas, que geram danos a indivíduos ou patrimônios, por meio de extorsão de recursos financeiros, estresse emocional ou danos à reputação de vítimas expostas na Internet.

A classificação é ampla e compreende desde ações relacionadas a bullying digital e ataques à reputação em redes sociais até crimes que usam malwares para, por meio de engenharia social ou vulnerabilidades técnicas, provocar danos ou prejuízos financeiros.

Golpe do namoro – O investigador afirma que existem alguns tipos de golpes mais comuns e que podem acontecer com mais frequência envolvendo relacionamentos, também chamados de “Catfish” ou “Romance Scams”.

Em alguns destes golpes, os autores usam nomes e fotos de militares, sejam aposentados ou não, principalmente de outros países, como dos Estados Unidos.

As vítimas são escolhidas pelo seu perfil das redes sociais. Depois de algum tempo de relacionamento, quando a vítima cede confiança para o suposto namorado, ele acaba criando uma situação em que ela adianta algum dinheiro ou empresta para o namorado na expectativa de vê-lo em breve ou ser ressarcida. Estes golpes fingindo ser militares dos Estados Unidos ficaram tão comuns, que as Forças Armadas Norte-Americanas divulgaram uma ficha instrutiva através do endereço: https://www.army.mil/socialmedia/scams/.

“SexStorsion” – Segundo o especialista, um dos golpes mais comuns envolvendo homens como vítimas é o de “SexStorsion”, onde perfis falsos de mulheres bonitas, que na maioria das vezes, alegam ser gaúchas ou catarinenses, estabelecem contato com a vítimas do sexo masculino através das redes sociais.

Com alguns dias, ele é levado a uma conversa de teor sexual com troca de fotos e/ou vídeos íntimos, com pedido posterior de dinheiro para evitar a divulgação deste material. O alvo normalmente são homens casados.

Em alguns dos casos, após a troca de fotos/vídeos íntimos, os autores ainda pressionam a vítima psicologicamente dizendo que a mulher que ele se envolveu é menor de idade e incluem uma terceira e uma quarta pessoa alegando ser o pai da menina e um suposto delegado de polícia, que pede indenização para não processar criminalmente a pessoa alvo do crime.

O investigador Michel Weiler Neves é especialista em Segurança da Informação na Sejusp. (Foto: Edemir Rodrigues)
O investigador Michel Weiler Neves é especialista em Segurança da Informação na Sejusp. (Foto: Edemir Rodrigues)

Cuidados – O investigador destaca que forma mais segura é adotar algumas posturas quanto ao uso da internet, como utilização de senhas diferentes para contas bancárias, e-mails, redes sociais, trabalho e sites diversos; evitar programas piratas; adotar a utilização de antivírus, pelo menos os gratuitos, mesmo em dispositivos mobile ou tablets; evitar ao máximo a utilização de redes de internet públicas, como de aeroportos, shoppings, hotéis, cafés e outros estabelecimentos; e desconfiar quando alguém lhe pede qualquer código de segurança ou autenticação, principalmente se o contato for via telefone.

Sobre o PIX, um critério de segurança é a configuração de limites de transferências e pagamentos junto ao banco. “Felizmente, não tem sido comum em Mato Grosso do Sul a prática de sequestro mediante pagamento com PIX”, diz Michel Weiler Neves.

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