Secretário critica "irresponsabilidade" de candidatos, sob pena de medidas duras
Manutenção dos índices de infecçao da covid-19 em MS preocupam autoridades sanitárias no período eleitoral
Com a autorização da campanha eleitoral nas ruas desde 27 de setembro, as autoridades sanitárias veem com preocupação o aumento de infecções de covid-19 em Mato Grosso do Sul. Os índices mostram oscilação no período do feriado, mas elevação nas semanas seguintes, com manutenção da taxa de letalidade em 1,9%.
Hoje, na live do governo do Estado, o secretário Estadual de Saúde, Geraldo Resende, se dirigiu diretamente aos candidatos a prefeitos e vereadores de todos os partidos, pedindo que eles evitem a propagação da covid-19, sob pena de "medidas duras" para evitar as aglomerações.
Resende diz que recebeu imagens e fotos mostrando aglomeração nas reuniões politicas de pessoas sem máscaras e sem distanciamento mínimo. “É uma irresponsabilidade muito grande”.
No dia 11 de outubro, em Taquarussu, o prefeito e candidato à reeleição, Roberto Tavares Almeida (Roberto Nem), foi levado à Polícia Civil após desobedecer decisão judicial e realizar passeata no município. Foi necessário o uso de bombas de gás e munições não letais para dispersar a população.
O secretário avisou que as recomendações precisam ser seguidas para se evitar “medidas duras”, restringido ações durante a campanha eleitoral, a exemplo do que aconteceu em outras regiões do País.
Um exemplo o ocorrido em Fortaleza e Juazeiro do Norte (CE), cidades onde a Justiça Eleitoral determinou aplicação de multa de R$ 50 mil para candidatos que promoverem aglomerações. Aqui no Estado, em Maracaju, também há ordem semelhante, em que as grandes reuniões, sem medidas sanitárias, podem acarretar multa de R$ 30 mil.
Desde o dia 27 de setembro, a Justiça Eleitoral permitiu caminhadas, passeatas, panfletagens e uso de carros de som durante a campanha eleitoral. Naquele dia, eram 68.092 infectados pela doença e 1.263 óbitos.
Coincidência ou não, os números da covid-19 em MS mostram que os casos de infecções ainda se mantém em patamar elevado, apesar de queda no número de infectados 14 dias após este período, durante o feriado de 11 de outubro. Foram 108 casos a mais, totalizando 74.675 positivos para a doença e 1.433 mortes.
A partir desta data, houve aumento nas confirmações diárias. Duas semanas depois, no dia 25 de outubro, foram 302 a mais, com 79.901 confirmações. Os próximos 14 dias poderão ser calculados em 8 de novembro, mas, na avaliação de 2 de novembro, a infecção diária foi de 266 casos. Hoje, mais 138, fechando o boletim atualizado em 83.022 positivos para covid e 1.612 óbitos.
No dia 31 de outubro, o secretário Municipal de Saúde de Campo Grande, José Mauro Filho, já havia alertado para o problema.
Para ele, com a corrida eleitoral, há mais aglomerações e reuniões políticas , o que facilita a proliferação. No entanto, a flexibilização, com a reabertura de espaços até então fechados para o público, como shoppings, escolas e praças, também contribuem.
José Mauro afirma que é preciso equilibrar essa situação, administrar “a vida da cidade”, que não pode parar.