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Cidades

Sob risco constante, caminhoneiros redobram cuidados contra o coronavírus

Uso de máscaras e álcool em gel tem sido comum por profissionais que percorrem o país de norte a sul

Liniker Ribeiro | 12/05/2020 07:00
Sob risco constante, caminhoneiros redobram cuidados contra o coronavírus
José Marques, de 50 anos, conta que cuidados na estrada resulta em proteção para ele, consequentemente, para seus familiares (Foto: Kísie Ainoã)

A pandemia do novo coronavírus fez empresas trocarem o escritório, ou qualquer outro local de trabalho, pela segurança do funcionário não precisar sair de casa.  O home office, método que tem ganhado cada vez mais adeptos, permite que profissionais executem suas atividades diárias sem precisar se deslocar. Mas, nem todo mundo consegue aproveitar o “benefício”. Os caminhoneiros, por exemplo, não podem parar.

Integrantes de um dos principais setores econômicos do país, os trabalhadores sabem o valor que a profissão representa, mas nem por isso, deixam de ganhar “má fama” por percorrerem o país de norte a sul.

Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi o contato com um caminhoneiro de Campo Grande que provocou a contaminação de funcionários de um frigorífico de Guia Lopes da Laguna, a 227 quilômetros da Capital, por covid-19.  Dois trabalhadores que foram expostos ao vírus acabaram transmitindo a doença para pelo menos outras três pessoas. Por conta da situação dos profissionais, a empresa anunciou, na semana passada, a suspensão das atividades por 15 dias.

Poucos dias antes, no dia 25 de abril, outro caminhoneiro, identificado como Antoninho Muller, de 56 anos, foi vítima da doença. O profissional não resistiu às complicações da covid-19 e morreu em hospital de Araguaína (TO). Segundo a Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul, Antoninho estava apenas de passagem pelo Estado e procurou por socorro após se sentir mal.

Sob risco constante, caminhoneiros redobram cuidados contra o coronavírus
Diego costuma ficar até uma semana longe de casa e equipamentos de proteção individual servem de companhia na estrada (Foto: Kísie Ainoã)

Atualmente, quem percorre as estradas brasileiras afirma adotar todas as medidas de prevenção possíveis. Tudo para evitar o contágio e, ainda, combater olhares estranhos e pensamentos maldosos por onde passam.

É o caso do caminhoneiro Diego da Silva Bertoldo, de 33 anos. Entre uma parada e outra, a máscara, um dos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) que utiliza, está sempre em seu rosto. “Tem lugar que as pessoas chegam a achar estranho, mas não deixo de usar”, conta.

De São Paulo, um dos Estados com o maior índice de covid-19 do país, o caminhoneiro conta já estar acostumado com as medidas preventivas, mas afirma ter percebido, por onde passa, que as pessoas parecem não estar se importando muito com os cuidados. “Sou do Guarujá, região onde a doença está bem avançada. Por lá, o pessoal anda mais prevenido, mas do interior de São Paulo para cá, você vê que o povo está mais à vontade, um ou outro que se preocupa”, analisa.

Acostumado a ficar aproximadamente uma semana longe de casa, a cada viagem, o caminhoneiro é consciente de seu papel. “Nós [os caminhoneiros] somos geradores, andamos de cidade em cidade. Por isso, podemos ser um dos transmissores e, então, temos que usar os equipamentos necessários”, pontua.

Valter Gomes, de 51 anos, também afirma se cuidar, mas classifica o comportamento de muitos colegas de profissão como “Inadequado”.

“É natural que temos que se preocupar, nunca se sabe o dia de amanhã! Por isso, precisam [os caminhoneiros] se cuidar mais”, ressalta Valter, que mesmo antes da equipe de reportagem se aproximar, já utilizava máscara como forma de prevenção. O profissional contou ainda, fazer uso de álcool em gel constantemente, principalmente para higienizar mãos e partes do caminhão.

Para a maioria dos caminhoneiros, a preocupação maior é com a família, pessoas que terão contato com eles assim que retornam de viagem. Por isso, os cuidados são levados da rua para dentro de casa. “Quando eu chego, a mulher não deixa entrar de qualquer jeito não”, brinca José Marques, de 50 anos. “É lavando bem as mãos, e roupas vão direto para a máquina”, garante o caminhoneiro, que mora em Sidrolândia, a 71 quilômetros da Capital, e está acostumado a viajar por Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

André Mendonça, de 39 anos, também se cuida. “Uso máscara, lavo as mãos direto, uso álcool e tento evitar ao máximo aglomeração”, garante.

Sob risco constante, caminhoneiros redobram cuidados contra o coronavírus


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