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Cidades

Suposta cremação complica investigação sobre morte de ex-major chefe do tráfico

PF afirma que não ter notícia alguma sobre a morte e revela que investigação ainda terá desdobramentos

Nyelder Rodrigues | 26/11/2020 18:11
Ex-major da PM em julgamento realizado em 2011, no Mato Grosso do Sul (Foto: Francisco Junior/Arquivo)
Ex-major da PM em julgamento realizado em 2011, no Mato Grosso do Sul (Foto: Francisco Junior/Arquivo)

Paul Wouter está morto, aos 55 anos. O que por ora não há como saber é se realmente trata-se da morte do ex-major da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), Sérgio Roberto de Carvalho, procurado por chefiar esquema bilionário do narcotráfico entre América do Sul, Europa e até a Ásia. O corpo dele teria sido cremado.

Após várias prisões e condenações no Brasil, com envolvimento também em lavagem de dinheiro e jogos de azar, Carvalho foi morar na Espanha, mais especificamente no litoral da Galícia, região ao noroeste daquele país.

Lá, ele coordenou esquema com várias ramificações em Portugal, Emirados Arabes Unidos, e a própria Espanha e Brasil - um dos locais de sua atuação era sua antiga casa, o Mato Grosso do Sul. Enquanto esteve em solo europeu, usou um passaporte surinamense e o nome falsa de Paul Wouter, vivendo sob dupla identidade.

Contudo, segundo a PF (Polícia Federal), seu esquema passou a ser alvo de investigação a partir de março de 2018, sendo ele e mais situações identificadas dali em diante. Em agosto do mesmo ano, um navio com 1,7 tonelada de cocaína foi interceptado na Espanha e Carvalho, sob o nome de Paul, preso.

Ele foi liberado meses depois, sem que sua dupla identidade fosse descoberta. O caso foi apurado pela Justiça local e, dois dias após a promotoria espanhola pedir sua prisão por 13 anos e seis meses, o advogado do narcotraficante informou sua morte - que teria ocorrido 10 dias antes, por covid-19, e o corpo cremado.

Documento com os dados originais sobre Major Carvalho, que vivia na Espanha sob a identidade falsa de Paul Wouter (Foto: Reprodução/La Voz de Galicia)
Documento com os dados originais sobre Major Carvalho, que vivia na Espanha sob a identidade falsa de Paul Wouter (Foto: Reprodução/La Voz de Galicia)

DNA eliminado - As informações sobre a notificação da morte de Wouter são do jornal espanhol La Voz de Galicia, assim como a da cremação - ao ser cremado, toda matéria orgânica do corpo é eliminada, inclusive o DNA.

Assim, fica impedida a checagem genética, comparando os dados genéticos das cinzas da cremação com os dados existentes do ex-major, para provar se os restos mortais ali são mesmo os de Sérgio Roberto de Carvalho.

Em contato com a PF em Curitiba (PR), que faz coordenação a Operação Enterprise, que tem Carvalho como o principal alvo, foi informado que por ora não há nenhuma informação sobre a morte do ex-major da PMMS e que mais detalhes não podem ser revelados - como o nome das pessoas presas no Brasil e na Espanha.

Além disso, a PF ainda conta que a operação ainda não foi encerrada e desdobramentos dela estão acontecendo. A polícia brasileira atua em parceria com a Receita Federal e Europol (Serviço Europeu de Polícia) no caso.

Ao todo, foram apreendidos cerca de R$ 1 bilhão em bens, entre carros, imóveis e aeronaves, além de quase 50 toneladas de cocaína. A Enterprise também pediu à Interpol (The International Criminal Police Organization) que suba o status de Carvalho como procurado internacional ao alerta vermelho.

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