Tensão na Bolívia continua, mas fronteira entra na normalidade
23 morreram em confrontos com a polícia; na fronteira, Receita Federal voltou a atender média de 20 caminhoneiros/dia
Pouco mais de uma semana após a da renúncia de Evo Morales da presidência da Bolívia, o país ainda vive em estado de tensão, com confrontos entre manifestantes favoráveis a Evo e a polícia que resultaram em 23 mortes.
No departamento de Cochabamba, foram registradas nove mortes na província de Chaparre e cinco em Sacaba, além de dezenas de feridos. Os protestos de cocaleros leais a Morales também estão sendo registrados nos departamentos de Santa Cruz e La Paz.
Na região de fronteira com o Brasil, em Corumbá, os atendimentos voltaram à normalidade depois da reabertura, na quarta-feira (13). O bloqueio paralisou a movimentação entre o município de Mato Grosso do Sul e Puerto Quijarro.
Na Receita Federal em Corumbá logo após o desbloqueio, a maior movimentação foi na aduana de registro de entrada e saída dos bolivianos. Os principais pontos de conflito foram localizados em províncias distantes da fronteira com Brasil.
Segundo Diário Corumbaense, o tráfego de caminhões foi intenso no dia do desbloqueio. O caminhoneiro Rogério Siqueira Correa ficou parado por 23 dias em San José de Chiquitos, na região de Puerto Quijarro. “Não fiquei desamparado, muitos bolivianos me ajudaram, assim, como meus colegas que lá estavam também”.
Na aduana boliviana, a informação é que foi restabelecida a média de 20 atendimentos diários a caminhoneiros.
Em entrevista ao Campo Grande News, funcionária do Consulado do Brasil em Cochabamba informou que não há relato de brasileiros que tenham se ferido ou procurado ajuda para deixar o País. A orientação é que os brasileiros evitem as áreas onde os protestos ainda estão sendo realizados.
Os protestos paralisaram as atividades em Sacaba, entre elas, das universidades. A informação do consulado é que o “reduto” de brasileiros, centralizado nas faculdades de Medicina em Santa Cruz e La Paz não foram afetados.
Ainda segundo o consulado, a repartição mantém regime de plantão para qualquer eventualidade.
Contra o tempo – agora, a preocupação do governo boliviano é a realização das eleições. De acordo com jornal boliviano El Deber, o mandato da presidente autoproclamada Jeanine Añez é de 90 dias e a convocação da eleição deve ser feito em prazo de 150 dias de antecipação. Para fechar essa conta, o novo ministério reuniu-se no fim de semana para tentar resolver o impasse e, ainda, negociar o fim dos protestos.
O ex-presidente condenou a repressão a grupos cocaleros perto de Cochabamba e pediu para que as Forças Armadas e a polícia "parem o massacre".