“Tem pernilongo e 40 graus”, reclama Battisti sobre prisão em Corumbá
Ele diz que foi à fronteira com a Bolívia para comprar materiais de pesca, vinhos e casacos de couro
O italiano Cesare Battisti, que ficou preso em Corumbá entre os dias 4 e 6 de outubro, relata que foi horrível a passagem pelo cárcere em Mato Grosso do Sul.
“Era uma cela onde os presos podem ficar 12 horas, e fiquei três dias, ilegalmente. E não tem nada. Tem pernilongo e 40 graus. Você fica no chão, passam baratas, ratos. Quando chegou o habeas corpus, foi como um enterro para os policiais”, diz Battisti, agora já em Cananeia, interior paulista, em entrevista à Folha de São Paulo.
Ele afirma que a prisão foi “uma trama, uma armadilha” e nega que estivesse perto da Bolívia, na fronteira com Corumbá, para fugir. O intento, segundo ele, era comprar materiais de pesca, vinhos e casacos de couro.
No dia 4 de outubro, Battisti foi flagrado com 6 mil dólares e 1.300 euros. Ele estava em um táxi boliviano com outros dois passageiros. A grande quantia em dinheiro chamou a atenção da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Em seguida, ficou preso na delegacia de Polícia Federal de Corumbá. No dia 5, durante a audiência de custódia, realizada por videoconferência, teve a prisão preventiva decretada pelo juiz federal Odilon de Oliveira por evasão de divisa e lavagem de dinheiro.
Na sequência, no dia 6, o italiano obteve habeas corpus no TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) e foi libertado.
Condenado na Itália à prisão perpétua por homicídio quando integrava o grupo Proletariados Armados pelo Comunismo, Battisti chegou ao Brasil em 2004, onde foi asilado, mas preso em 2007 e 2009, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou sua extradição. A medida foi negada pelo então presidente Luiz Lula da Silva (PT) em 2010.
Ontem, o ministro Luiz Fux decidiu suspender eventual decisão do governo brasileiro para extraditar o ex-ativista italiano. A decisão deve prevalecer até o dia 24 de outubro, quando a Primeira Turma da do STF decidirá o caso definitivamente. Battisti nega ter cometido crimes no país europeu.