Análise criteriosa e ausência de vírus diminuem notificações de chikungunya
A análise mais criteriosa dos casos suspeitos de febre chikungunya pela secretaria de Saúde do Estado fez com que houvesse uma redução nas notificações da doença. Segundo a gerente técnica de doenças endêmicas da SES, Lívia Mello, os servidores vem passando por capacitações desde 2014 e com as orientações mais precisas sobre os sintomas que caracterizam a doença, está sendo possível solicitar os exames apenas dos casos que realmente apresentam características da febre.
“Antes eram notificados casos que apresentavam algum sintoma grave, mas não tinham relação com a chikungunya. Agora, antes de solicitarmos o exame, os casos passam por dois filtros, já que o Labcen (Laboratório Central) também auxilia nessa seleção”, explica.
O próprio laboratório Evandro Chagas, no Pará, começou a negar a realização de exames em casos que não apresentavam os critérios corretos de identificação da febre. De acordo com Lívia, apesar de os sintomas serem parecidos com os da dengue, é possível fazer a distinção.
Ela explica que, no caso da dengue, o paciente apresenta dores no corpo, chamadas de mialgia, de forma menos intensa. Já no caso da chikungunya, as dores são tão fortes que a pessoa não consegue, sequer, colocar o pé no chão. Nesse caso, o paciente apresenta a chamada artralgia, que é um inchaço nas articulações.
Apesar da seleção mais criteriosa, Lívia ressalta que o fato de não haver circulação do vírus no Estado, também contribui para o baixo número de notificações. Segundo dados da SES, desde janeiro de 2015 são 82 notificações em todo Mato Grosso do Sul, com duas confirmações; uma na Capital, de um homem de 35 anos, confirmado em outubro de 2014 e outra em Corumbá, divulgada esta semana, de um homem de 37 anos.
Já o número de casos descartados somam 75 este ano e outros cinco aguardam resposta do laboratório Evandro Chagas, que leva até 30 dias para emitir o laudo. Mesmo com a capacitação feita pelos técnicos do Labcen, na Capital, o Ministério da Saúde ainda não enviou os insumos necessários para a realização dos testes.
Na tentativa de agilizar a realização dos testes, Lívia diz que a secretaria de Saúde vai pedir ao laboratório Evandro Chagas mais agilidade, caso ocorram novas notificações no bairro onde reside o morador de Corumbá. “Acontece que o laboratório prioriza os estados onde há circulação do vírus”, ressalta.
Acompanhamento – Lívia Mello explica que o paciente de Campo Grande não necessitou mais de acompanhamento da SES, já que as dores passaram da fase aguda, que duram entre dez e 15 dias e ele pode retomar suas atividades rotineiras. Segundo ela, o homem fi medicado com remédios para aliviar os sintomas das dores, que desapareceram após 15 dias.
A gerente técnica esclarece que nem todos os pacientes apresentam dores intensas pro mais de um ano, como de fato, ocorre em alguns casos. “Isso depende do organismo. Quando acontece a pessoa entra na fase crônica das doença e precisa passar tomar medicação específica para o sintoma que ela apresenta. Nesse caso, as dores podem mesmo passar de um ano”, explica.
No entanto, ela acredita que mesmo a pessoa ficando impossibilitada de trabalhar nesse período, o alívio vem em saber que a evolução do quadro para o óbito é bem menor do que nos casos de dengue, que podem levar a morte em uma semana. “O risco de morte é mínimo. No Brasil ainda não houve nenhuma notificação nesse sentido”, destaca
Atenção- Mesmo sem a circulação do vírus no Estado, Lívia Mello alerta para os cuidados que as pessoas que viajam para a Bolívia precisam ter. Após a confirmação do caso em Corumbá, a Vigilância Epidemiológica e o Núcleo de Atenção Básica da cidade começaram a aplicação do Plano de Contingência para Introdução do Vírus que incluiu, entre outras ações, a emissão de alerta para os municípios vizinho, incluindo a Bolívia. Na cidade, os bairros que se encontram em situação de risco são o Generoso, com 5%; Nova Corumbá, 4,72; Nossa Senhora de Fátima, 4,55% e Cristo Redentor, com 3,95%.