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Capital

Família de Mayara acredita que tese de feminicídio não vai passar

“Vamos continuar lutando. Claro que quanto maior a pena, maior a sensação de Justiça. Testemunhas ainda serão ouvidas e muita coisa ainda pode acontecer”, diz Alziro, pai de Mayara

Viviane Oliveira | 19/10/2017 12:00
Alziro, pai de Mayara, diz que acredita na Justiça,
mas revela que está preocupado com o desenrolar do caso (Foto: arquivo/ Marcos Ermínio)
Alziro, pai de Mayara, diz que acredita na Justiça, mas revela que está preocupado com o desenrolar do caso (Foto: arquivo/ Marcos Ermínio)

Para a família da musicista Mayara Amaral, brutalmente assassinada a golpes de martelo entre os dias 24 e 25 de julho deste ano, a tese de feminicídio não vai vingar na Justiça. Após a mudança na tipificação do crime, a defesa de Luís Alberto Bastos Barbosa, 29 anos, assassino confesso da musicista vai pedir na Justiça a liberdade provisória de seu cliente.

O aposentado Alziro Lopes do Amaral, 61 anos, pai de Mayara, acredita que a tipificação pode mudar novamente, pois o processo ainda está em fase de instrução criminal. “Há várias provas de que o réu roubou as coisas da minha filha e vendeu o carro dela”, diz. No entanto, afirma que a família fica preocupada com o desenrolar do caso.

No dia 9 de outubro, o juiz titular da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, Wilson Leite Corrêa, rejeitou a acusação de latrocínio, roubo seguido de morte, e classificou a morte da musicista como feminicídio, apesar de confirmar que houve roubo no caso. O processo foi redistribuído e será tratado agora na 2ª Vara do Tribunal do Júri.

O latrocínio tem pena maior que o feminicídio - agravante do homicídio cometido contra mulheres. “A pena de latrocínio varia entre 20 a 30 anos e de homicídio de 6 a 20 anos”, explica Conrado. Luís está preso preventivamente. Tanto a Polícia Civil quanto o Ministério Público definiram o crime como latrocínio - roubo seguido de morte. O autor e a vítima mantinham um relacionamento amoroso.

“Vamos continuar lutando. Claro que quanto maior a pena, maior a sensação de Justiça. Testemunhas ainda serão ouvidas e muita coisa ainda pode acontecer”, diz Alziro.

Mayara foi morta a golpes de martelo em um motel. O corpo dela foi incendiado e deixado em uma estrada vicinal na região do Inferninho. Luís foi preso em flagrante com outros dois suspeitos, porém, durante as investigações foi constatado que a dupla não tinha envolvimento.

Nas redes sociais, Pauliane Amaral, irmã da vítima, disse que a família recebeu com preocupação a decisão do juiz fundamentada basicamente na defessa de Luís. Infelizmente a Mayara não está mais aqui para contar sua versão do que aconteceu, mas não tenho dúvidas de que o crime foi premeditado. Afinal de contas, quem leva um martelo para encontro amoroso? Seguimos acreditando na Justiça”, desabafou.

Nas redes sociais, diz que a família recebeu a notícia com preocupação
Nas redes sociais, diz que a família recebeu a notícia com preocupação

Divergência - Apesar da redistribuição para o Tribunal do Júri, sendo cuidado pelo juiz titular Aluízio Pereira dos Santos a partir de agora, o caso também passará por nova análise do MP e da Justiça, o que pode criar uma divergência processual.

Nessa reavaliação, o processo pode sofrer nova alteração em sua tipificação, situação semelhante ao que aconteceu no "caso Wesner", quando o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal, declinou da responsabilidade de julgar os pedidos de prisão contra os dois acusados pela morte do garoto de Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, em um lava-jato.

A divergência fez com que o caso fosse remetido para o órgão superior do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), que definiu em qual vara deveria seguir sendo julgado o caso. Caso aconteça a mesma divergência com o caso de Mayara Amaral, a questão teria decidida pelo TJ.

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