"Nunca vi isso", diz especialista em asfalto sobre tapa-buraco com os pés
Prefeitura testa novo material e afirma não ter necessidade de passar com o rolo compressor no remendo
“Nunca vi isso na minha vida!”. Essa foi a primeira reação do engenheiro civil e especialista em asfalto, Chaia Jacob Neto, sobre a ação da Prefeitura de Campo Grande em que o operário da operação tapa-buraco compacta com os pés a massa asfáltica nas erosões. A administração municipal justifica que o tipo de massa fria não necessita de compactação com rolo compressor, dizendo que apenas o fluxo do trânsito de carros será o suficiente para nivelar e tapar os buracos.
“Isso não existe! Não tem massa que não precise comprimir. Mesmo a massa fria precisa passar de três a quatro vezes com o rolo para que fique correto. Não podem passar a responsabilidade para o automóvel”, comentou.
Segundo o engenheiro que também é professor da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), deixando a compactação a cargo dos automóveis, o “remendo” não ficará uniforme como quando é usado um rolo.
“A massa não sendo compactada vai ficar disforme. E se o pneu passar só em um canto? Vai ficar mais compactado de um lado que do outro. Nunca vi isso na minha vida. Todo tapa-buraco tem que ser feito a compactação”, disse o engenheiro com mais de 30 anos de experiência na área.
Ainda segundo o engenheiro, a massa fria é mais barata que o CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente) usado normalmente, mas com a realização equivocada do serviço, ele terá que ser refeito em breve, com o retorno da erosão. “O prejuizo é que se não houver a compactação perfeita vai desagregar a massa. O CBUQ, assim que compacta e esfria, ele fica daquele jeito. Agora a massa fria, se não houver compactação, vai deteriorar e perder o trabalho. É mais barato, mas será um dinheiro jogado fora com o trabalho errado”, concluiu.
Compactação com pés – Um leitor do Campo Grande News flagrou na tarde de hoje funcionários da prefeitura utilizando a massa fria para tapar buracos na avenida Hiroshima, mas compactando o material com os pés dentro da erosão.
Segundo a prefeitura, o material está passando por testes e tem previsão de ter seu uso ampliado para o restante da cidade. A compactação da massa fria pode ser feita apenas com o fluxo de veículos e dispensa o rolo compressor, evitando que a via seja interditada para a operação tapa-buraco. As ruas Arthur Jorge e Rio Grande do Sul também foram “contempladas” com a novidade.