"Polícia não vê ameaça como crime”, protesta irmão de professora morta
Maxelline era motivo de alegria para a família nesse começo de 2020, ao ser aprovada em concurso público municipal
Durante o velório nesta manhã, o irmão mais velho de Maxelline da Silva dos Santos, o repositor Max Sandro, de 32 anos, é um dos poucos da família com condições emocionais de falar sobre o assassinato da professora, morta com tiro na cabeça, na noite de sábado.
Amparada por amigos, a mãe não sai do lado do caixão na filha, assassinada pelo ex-companheiro, aos 28 anos. O irmão caçula não para de chorar e chegou a desmaiar algumas vezes durante o velório, realizado nesta segunda-feira no cemitério Park Monte das Oliveiras, em Campo Grande.
Apesar de solicitar medida protetiva há 12 dias, no sábado, o guarda municipal Valtenir Pereira da Silva, de 35 anos, invadiu um churrasco onde a ex-companheira estava e matou Maxelline e a o proprietário da casa, Steferson Batista de Souza.
Para Max Sandro, a lição de que cão ladra e também morde veio da maneira mais trágica possível. “Não adiantou de nada a medida protetiva. A Polícia não vê ameaça como crime. A partir do momento que um homem ameaça uma mulher, já devia ser preso”, protesta.
Depois da morte, nada parece confortar a família. “Ele agora pode até ser preso, mas minha irmã vai para o caixão”, comenta Max.
Sonho realizado - Maxelline era motivo de alegria para a família nesse começo de 2020, depois de, finalmente, ser aprovada em concurso público municipal para trabalhar como professora temporária.
No sábado, a violência acabou com o sonho e a paz da família toda. “Estou tentando não chorar, mas por dentro estou despedaçado. Ele destruiu minha família. Ela era maravilhosa como irmã e como amiga”, diz o irmão.
Max conta que a irmã resolveu dar um basta na relação com Valtenir depois de descobrir que o guarda tinha “5 filhos, cada um de uma mulher”. “Ele menntiu e ela quis separar, mas a pessoa não sabe entender o que é não.”
A preocupação com o relacionamento aumentou no dia 17 de fevereiro, quando o guarda invadiu a casa de Maxelline, no Bairro Los Angeles. “Pulou o muro e chegou a apontar arma para ela, mas estava tão bêbado que não conseguiu atirar. Ela saiu de casa, pediu ajuda e registrou B.O”, relata o irmão.
Amiga e vizinha, Josely Peres de Oliveira diz que também percebeu o medo da professora diante do ciúmes doentio de Valtenir. “Eles se conheceram na escolinha que a Max dava aula, há uns 7 meses e desde o começo ela reclamava do ciúme.”
Segundo a vizinha, na semana passada a amiga deixou muito claro o temor de sair de casa após tantas ameaças do ex. “Ela foi ao cabelereiro e disse que só estava lá porque ele estava de plantão”, conta Josely.