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Capital

"Polícia não vê ameaça como crime”, protesta irmão de professora morta

Maxelline era motivo de alegria para a família nesse começo de 2020, ao ser aprovada em concurso público municipal

Ângela Kempfer e Maressa Mendonça | 02/03/2020 10:01
Família e amigos no cortejo para o sepultamento da professora. (Foto: Henrique Kawaminame)
Família e amigos no cortejo para o sepultamento da professora. (Foto: Henrique Kawaminame)

Durante o velório nesta manhã, o irmão mais velho de Maxelline da Silva dos Santos, o repositor Max Sandro, de 32 anos, é um dos poucos da família com condições emocionais de falar sobre o assassinato da professora, morta com tiro na cabeça, na noite de sábado.

Amparada por amigos, a mãe não sai do lado do caixão na filha, assassinada pelo ex-companheiro, aos 28 anos. O irmão caçula não para de chorar e chegou a desmaiar algumas vezes durante o velório, realizado nesta segunda-feira no cemitério Park Monte das Oliveiras, em Campo Grande.

Apesar de solicitar medida protetiva há 12 dias, no sábado, o guarda municipal Valtenir Pereira da Silva, de 35 anos, invadiu um churrasco onde a ex-companheira estava e matou Maxelline e a o proprietário da casa, Steferson Batista de Souza.

Para Max Sandro, a lição de que cão ladra e também morde veio da maneira mais trágica possível. “Não adiantou de nada a medida protetiva. A Polícia não vê ameaça como crime. A partir do momento que um homem ameaça uma mulher, já devia ser preso”, protesta.

Depois da morte, nada parece confortar a família. “Ele agora pode até ser preso, mas minha irmã vai para o caixão”, comenta Max.

Irmão caçula teve de ser amparado por amigos após o sepultamento. (Foto: Henrique Kawaminame)
Irmão caçula teve de ser amparado por amigos após o sepultamento. (Foto: Henrique Kawaminame)

Sonho realizado - Maxelline era motivo de alegria para a família nesse começo de 2020, depois de, finalmente, ser aprovada em concurso público municipal para trabalhar como professora temporária.

No sábado, a violência acabou com o sonho e a paz da família toda. “Estou tentando não chorar, mas por dentro estou despedaçado. Ele destruiu minha família. Ela era maravilhosa como irmã e como amiga”, diz o irmão.

Max conta que a irmã resolveu dar um basta na relação com Valtenir depois de descobrir que o guarda tinha “5 filhos, cada um de uma mulher”. “Ele menntiu e ela quis separar, mas a pessoa não sabe entender o que é não.”

A preocupação com o relacionamento aumentou no dia 17 de fevereiro, quando o guarda invadiu a casa de Maxelline, no Bairro Los Angeles. “Pulou o muro e chegou a apontar arma para ela, mas estava tão bêbado que não conseguiu atirar. Ela saiu de casa, pediu ajuda e registrou B.O”, relata o irmão.

Amiga e vizinha, Josely Peres de Oliveira diz que também percebeu o medo da professora diante do ciúmes doentio de Valtenir. “Eles se conheceram na escolinha que a Max dava aula, há uns 7 meses e desde o começo ela reclamava do ciúme.”

Segundo a vizinha, na semana passada a amiga deixou muito claro o temor de sair de casa após tantas ameaças do ex. “Ela foi ao cabelereiro e disse que só estava lá porque ele estava de plantão”, conta Josely.

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