"Quem cuida é quem tem medo da dengue", diz moradora em mutirão
Agentes realizam neste sábado (9) mutirão contra a dengue no bairro, o 2º com maior nº de notificações na Capital
Com medo da dengue, a dona de casa Silvana Bento Batista, 43, que já foi vítima do mosquito Aedes Aegypti com um filho e um neto, mantém-se vigilante contra qualquer possível criadouro do mosquito na casa da família, no Jardim Centro Oeste em Campo Grande. O problema está no terreno vizinho. Ela diz que o dono nunca apareceu e por isso ela e o marido fazem a limpeza do lote mesmo não sendo proprietários. O casal teve que fechar a entrada para evitar que vizinhos jogassem lixo no local.
“A pessoa precisa separar um tempo para cuidar de casa. Ela pode até acreditar que nunca vai acontecer com ela, mas isso é possível. Acho que quem limpa tem consciência do risco e sabe como a doença é ruim e por isso tem medo de sofrer de novo”, disse.
Aproximadamente 50 agentes comunitários estão mobilizados em um mutirão contra a dengue na região do Centro Oeste desde as 8h da manhã deste sábado. As equipes combatem os focos durante o tempo chuvoso, propício para a proliferação do mosquito transmissor. Os agentes pretendem visitar 2.500 imóveis na região, que compreende também os bairros Jardim Macaúbas e Jardim Paulo Coelho.
De acordo com o assessor técnico do CCEV (Centro de Controle de Endemias Vetoriais), Lourival Pereira de Araújo, já foram notificados 1.645 casos de dengue na região - ocupando a 2ª posição no ranking das regiões com maior número de notificações da Capital, atrás apenas do bairro Noroeste.
“O objetivo é combater os focos porque só o fumacê não adianta. O fumacê mata o mosquito adulto, mas não elimina a larva, por isso os agentes fazem o trabalho de eliminação dos focos”, explicou Araújo. “Uma chuva de três a quatro dias já é suficiente pra nascer mosquito. A fêmea que botou a larva estiver infectada a larva já nasce infectada”, acrescentou.
O assessor técnico do CCEV também ressaltou que um dos objetivos dos agentes na hora da visitação é conscientizar os moradores. “Eles sabem o que devem fazer mas não fazem, ainda tem muita gente acomodada. Tem aqueles que esperam o agente limpar o próprio terreno e não limpa”.
A dona de casa Izulina Quadros de Oliveira, 70, mora com o marido e com o neto na região do Jardim Centro Oeste. Ela armazena água da chuva em um barril e usa para lavar a calçada e limpar casa. Para manter o mosquito longe, ela mistura a água com água sanitária e tampa o barril com lençol. “Troco a água todos os dias e deixo tudo bem limpo. Só tenho dor de cabeça com o terreno da frente porque o mato está alto. Sempre que encontro copinho lá recolho para não juntar água”.
Ainda segundo Araújo existe um plano para elaborar um projeto de lei para multar moradores reincidentes. A proposta que ainda não saiu do papel iria incluir a multa na conta de água ou na luz, conforme o assessor do CCEV. “É uma questão de saúde pública porque só com multa pra resolver”.
Durante as visitações no Jardim Macaúbas, os agentes removeram focos do mosquito flagrados em dois pneus com água parada no quintal de uma casa sem morador. A orientação dos agentes é para que pneus sejam armazenados secos em ambientes fechados. Em outra ação nas Moreninhas, foram necessários três caminhões para transportar o lixo recolhido que servia como criadouro.