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Capital

“Quem industrializa sua multa é você”, diz diretor à espera da volta de radar

Após o lançamento da licitação, a expectativa é reativar a fiscalização eletrônica em 90 dias

Aline dos Santos | 28/03/2017 12:10
Radar foi desativado há três meses em Campo Grande.  (Foto: André Bittar)
Radar foi desativado há três meses em Campo Grande. (Foto: André Bittar)
Segundo Janine, infrator é sempre o mesmo. (Foto: Marcos Ermínio)
Segundo Janine, infrator é sempre o mesmo. (Foto: Marcos Ermínio)

À espera de uma nova licitação para fiscalização eletrônica do trânsito de Campo Grande, o diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, nega uma Indústria da Multa na cidade, tese que ronda a Capital desde 1995, quando radares e lombadas chegaram às vias.

“Acabou essa conversa de Indústria da Multa, quem industrializa sua multa é você. Não são os órgãos de trânsito”, afirma Janine. De acordo com ele, o infrator é sempre o mesmo, num perfil de condutor que só respeita limite de velocidade, semáforo ou faixa de pedestre quando há uma autoridade de trânsito ou equipamento.

“A maioria respeita. O infrator é sempre o mesmo, mas grita como se fosse toda a população. Essa pequena quantidade não respeita nada e reclama quando chega a multa em casa”, salienta.

Segundo ele, os dispositivos eletrônicos chegaram às ruas da cidade com o objetivo de preservar vidas e analisa que o trânsito melhorou nos últimos dez anos.

NovosDesde abril de 2016, venceu o contrato do “Olho Vivo” nos semáforos, que fiscaliza avanço de sinal vermelho, parada sobre a faixa de pedestre e velocidade. Eram 106 faixas de rolamento controladas pelo dispositivo.

Já os 66 equipamentos de radares e lombadas eletrônicas foram desativados desde dezembro do ano passado, quando venceu o contrato. Desta forma, somente seguem ativas as lombadas do Parque dos Poderes, administradas pelo Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito) e os radares móveis da prefeitura.

Sem informar o valor do novo processo licitatório, o diretor da Agetran explica que a intenção é fazer um único edital para radar, lombadas e Olho Vivo. Após o lançamento da licitação, a expectativa é reativar a fiscalização eletrônica em 90 dias, caso o processo transcorra sem recursos administrativos ou na Justiça.

Segundo ele, a empresa cobra por faixas fiscalizadas e, nesse novo edital, equipamentos devem ser trocados de local. “Acham que é uma mina de ouro. Boa parte dá um prejuízo violento, mas cumpre a parte dele, que é reduzir a velocidade perto de escola, ponto de travessia, acaba com acidentes no local”, afirma o diretor. 

No ano passado, quando Alcides Bernal (PP) era prefeito, os radares chegaram a ser desligados por falta de pagamento de R$ 2,2 milhões. O débito foi pago e a ex-administração municipal lançou nova licitação, mas o edital foi suspenso dias depois.

Em outubro de 2016, o MPE (Ministério Público Estadual) recolheu documento na Agetran sobre os radares. Foram identificados 16 equipamentos, entre radares e lombadas, com aferição do Inmetro vencida operando em Campo Grande.

Compras - Janine, que trabalhou na Agetran na gestão de Nelsinho Trad (PTB), assumiu o comando da agência em primeiro de janeiro de 2017 e relata que encontrou situação de penúria.

“Sempre teve estoque de materiais, tintas, chapas, cones. Mas não tinha nada disso, faltando tudo. Entramos com pedido de compras”, diz. Segundo ele, a máquina de sinalização estava há cinco meses na oficina. A Agetran tem 120 agentes de trânsito.

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