À espera de dados de celular, ação contra guarda preso com arsenal trava
Sigilo foi quebrado e a defesa do guarda municipal pede acesso aos dados. A solicitação foi renovada ontem
O processo sobre o arsenal apreendido com o guarda municipal Marcelo Rios, com arma de guerra similar a usada em execuções, entrou num “abre e fecha” na Justiça enquanto aguarda dados sensíveis: o resultado da quebra do sigilo do celular apreendido com o guarda.
O pedido de quebra do sigilo foi feito pelo Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), que lidera força-tarefa da Polícia Civil sobre execuções em Campo Grande, no mês de maio.
“O acesso aos dados do aparelho celular do autor Marcelo é cabal para importância para a identificação de demais coautores e participes da ação delituosa, e quiçá, para elucidação de fuzilamentos ocorridos neste estado”.
O sigilo foi quebrado e a defesa do guarda municipal pede acesso aos dados. A solicitação foi renovada ontem (dia 15) à Justiça. A medida cautelar está em sigilo, inclusive, para os advogados.
Nesta semana, quando o processo pela posse do arsenal entrou em sigilo de Justiça, a expectativa era de que o documento fosse anexado. Conforme o advogado Alexandre Franzolozo, os dados de quebra de sigilo telefônico são sensíveis pela quantidade de informações, muitas sem ligação com o processo, o que exige segredo de Justiça.
Segundo ele, apesar de a denúncia citar as execuções, o processo é por porte de arma de fogo. Rios está preso na penitenciária federal de Campo Grande, mas deve ser transferido para Mossoró (Rio Grande do Norte).
O caso – Marcelo Rios foi preso no dia 19 de maio com o arsenal utilizado em crimes de homicídio, segundo a denúncia do Gaeco. Robert Vitor Kopetski, Rafael Antunes Vieira e Flávio Narciso Morais da Silva foram denunciados por ameaçar e coagir a esposa de Marcelo.
No dia da prisão, conforme a denúncia, a mulher prestou informações sobre a atuação de membros do grupo criminoso. Ela disse que o marido atuava como segurança de empresário, provocando ameaças pelos três.
Segundo o Gaeco, no dia seguinte, Rafael foi até a casa da testemunha e entregou R$ 1,2 mil para ajudar no pagamento de despesas. À noite, recebeu recado de Flávio de que deveria tomar cuidado com a polícia. A testemunha foi alertada pela mãe, por telefone, de que alguém estava a sua procura, quando percebeu que estava sendo monitorada pela organização criminosa.
Ela recebeu mais R$ 500 e foi orientada a mudar de casa e telefone. Conforme a denúncia, os policiais foram atrás da testemunha e a encontraram com Flávio, que se identificou como amigo da família. A mulher foi levada ao Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestro) e ao chegar em casa foi alertada e sofreu ameaça de morte. Este terceiro homem que a esperava em frente ao portão foi identificado como Robert.
Em carta datada de 11 de junho, a mulher afirmou que não sente “a vida e nem a integridade física ameaçada”.
O arsenal encontrado tinha o mesmo modelo de fuzil usado em três execuções. As vítimas foram Martins de Figueiredo (PM reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e o universitário Matheus Coutinho Xavier.
A denúncia lembra que além do armamento pesado, os veículos dos autores foram encontrados em chamas. Conforme a investigação, a apreensão do arsenal ajudou no avanço da identificação de integrantes da organização criminosa. Os guardas e o auxiliar de segurança passaram a praticar atos para dificultar o andamento da investigação.