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Capital

“O pior é o bandido fardado”, diz secretário sobre milicianos na Guarda

Valério Azambuja diz que investigações contra guardas servirão de fonte para outras apurações

Anahi Zurutuza e Fernanda Palheta | 31/05/2019 09:45
Da direita para a esquerda, o comandante da Guarda, Anderson Gonzaga, e o secretário de Segurança, Valério Azambuja, durante entrevista (Foto: Fernanda Palheta)
Da direita para a esquerda, o comandante da Guarda, Anderson Gonzaga, e o secretário de Segurança, Valério Azambuja, durante entrevista (Foto: Fernanda Palheta)

A Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) e o comando da Guarda Civil Metropolitana de Campo Grande tem “tolerância zero” com integrantes da corporação que cometerem crimes. A afirmação é do secretário Valério Azambuja e do comandante da Guarda, Anderson Gonzaga, que comentaram nesta manhã as prisões de três servidores suspeitos de formar quadrilha com características de milícia.

“O pior bandido é o bandido fardado, em qualquer instituição. Na Guarda, não vamos admitir”, disse Azambuja ao ser questionado sobre a situação dos guardas alvos do Garras (Delegacia Especializada de Repressão à Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros).

O comandante da Guarda Civil reforça dizendo que “a corporação não compactua com coisas erradas”. “Desvios de conduta existem em todos os lugares”, ponderou Gonzaga.

A descoberta da existência de milicianos na Guarda foi depois do dia 19 de maio, quando Marcelo Rios foi preso com arsenal “de guerra” pronto para uso em operação do Garras com apoio do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar). Em depoimento, a esposa dele revelou que o marido fazia parte da “escolta” de empresário conhecido em Mato Grosso do Sul.

Dias depois, Rafael Antunes Vieira e Robert Vitor Kopetski, também guardas municipais e seguranças do empresário, foram presos por fazerem ameaças à mulher de Rios.

As primeiras apurações apontaram, segundo registros policiais, que a maior parte da “escolta” é da Guarda Civil e que o grupo pratica crimes a mando dos patrões, dentre eles a execução de rivais da organização criminosa.

Marcelo Rios ao chegar escoltado no Centro de Triagem (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Marcelo Rios ao chegar escoltado no Centro de Triagem (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Chegada dos guardas Rafael e Roberto na unidade do Complexo Penal (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)
Chegada dos guardas Rafael e Roberto na unidade do Complexo Penal (Foto: Kísie Ainoã/Arquivo)

Investigações – O secretário de Segurança garante que a pasta e a corporação estão colaborando com as investigações da Polícia Civil e em paralelo, tocando as sindicâncias abertas contra os três guardas. “Estamos compartilhando informações e se aparecerem outros nomes, vamos tomar providências”, comentou sobre a possibilidade de mais servidores estarem envolvidos.

Azambuja explica que as três apurações servirão como fonte para possíveis outras investigações sobre a existência de milicianos na Guarda. “Os procedimentos individuais serão novas fontes de investigação interna, uma investigação puxa a outra”.

O chefe da pasta de Segurança adiantou que há grandes chances de Rios, Vieira e Kopetski serem demitidos. “Pela gravidade do que foi encontrado e pelo que está dentro dos autos de prisão em flagrante, certamente vai redundar na demissão desses servidores. A legislação é muito clara”.

O secretário não deu prazo para finalizar as sindicâncias, mas disse que a ordem é concluí-las o quanto antes. “Temos de dar celeridade, para dar uma resposta. Repercute muito mal para a sociedade uma corporação de segurança ter esses elementos envolvidos com a criminalidade”.

Por último, ele explicou que o serviço de inteligência instituído dentro da corporação já trabalha verificando denúncia feitas à Ouvidoria ou Corregedoria contra guardas. “Recentemente, dois foram demitidos por sindicâncias abertas em 2018”.

Presos – Os três guardas estão em celas do Centro de Triagem Anízio Lima. Eles foram transferidos na terça-feira (28) para a unidade do no Complexo Penal de Campo Grande depois de alegarem não estarem seguros nas celas do Garras e da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).

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