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Capital

“A gente traz e não sabe se vai ter aula”, reclama avô ao deixar netos na escola

Impasse entre prefeitura e professores sobre aplicação dos 10,39% no salário segue desde o dia 2 de dezembro

Izabela Cavalcanti e Bruna Marques | 16/12/2022 08:04
Zildo foi levar os netos na escola, na manhã desta sexta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)
Zildo foi levar os netos na escola, na manhã desta sexta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)

Devido ao impasse, entre os professores e a Prefeitura de Campo Grande, em reajustar o salário em 10,39% para dezembro, os pais não estão contentes com o “vai e vem” dos alunos nas escolas.

Na Escola Municipal Oliva Enciso, localizada no Tiradentes, as aulas seguem normais nesta sexta-feira (16). O jardineiro Zildo Ferreira de Medeiros, de 43 anos, foi levar os netos de 7 e 8 anos na escola. Eles estão no 1° e 2° ano, respectivamente.

“Não está bom. Eu acho que as crianças são prejudicadas, não estão aprendendo nada. Primeiro foi a pandemia e agora greve, eles estão passando de ano sem saber nada e futuramente vão pagar o preço. A gente traz na escola e não sabe se vai ter aula ou não, e fica nisso”, relata.

No entanto, o avô se mostra solidário ao movimento. “Mas entendo o lado dos professores, eles não estão errados em lutar. Todo mundo que trabalha tem direito a receber. Ontem mesmo não teve aula para o primeiro ano, mas hoje está normal”, completa.

O mecânico Willian Barros da Silva, 32 anos, tem três filhos que estudam neste mesmo colégio, uma menina de 12 anos, do 6° ano, e dois meninos de 7 e 9 anos, do 2° e 3° ano.

Saindo do Bairro Maria Aparecida Pedrossian de moto, primeiro, ele leva a filha; depois, volta e busca os outros dois filhos.

“Essa paralisação causa muita confusão no aprendizado das crianças, que já está ruim. Meu filho tem 9 anos e não sabe ler, primeiro foi a pandemia e agora essa paralisação”, reclama.

Willian se mostra receoso quanto ao aprendizado dos filhos (Foto: Henrique Kawaminami)
Willian se mostra receoso quanto ao aprendizado dos filhos (Foto: Henrique Kawaminami)

Questionado sobre a situação, Willian tenta entender, também, o lado dos professores. “É uma situação complicada porque temos que ver os dois lados. O lado do professor que precisa receber e o lado do aluno que precisa aprender. No meio disso tudo os responsáveis por resolver o problema não fazem nada”, ressalta.

A equipe de reportagem do Campo Grande News também foi à Escola Municipal de Tempo Integral Professora Iracema Maria Vicente, no Rita Vieira. Por lá, as aulas seguem normais nesta sexta-feira, e amanhã (17) terá reposição.

Impasse – Conforme a Lei Municipal 6.796/2022, o reajuste para os professores deve ser de 10,39% para dezembro. O piso é R$ 3,3 mil por 20h, e com o reajuste integral o salário dos professores vai para R$ 3,8 mil. Porém, o Executivo alega que a mesma lei impede que se extrapole o limite prudencial previsto na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

As negociações se estendem desde março, no entanto, o prazo final foi no início de dezembro. A paralisação começou no dia 2 de dezembro, sendo mantida até 9 de dezembro. Depois disso, as aulas foram retomadas e paralisadas novamente na segunda-feira (12), retornando terça (13) e quarta-feira (14). Ontem (15), foi interrompida novamente devido à nova paralisação e assembleia geral com a categoria.

Às 9h de ontem, mais uma vez os vereadores e a ACP participaram de reunião com a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (Patriota), na expectativa que a situação fosse resolvida.

No entanto, a proposta entregue pela prefeita foi a de parcelar os 10,39%, sendo que 3,42% seriam pagos em janeiro de 2023 e as outras duas parcelas, de 3,48% cada uma, em março e dezembro do ano que vem. Os valores seriam pagos como auxílio alimentação apenas aos professores em atividade, mas como valor pecuniário incorporados aos salários.

A proposta foi avaliada em assembleia no período da tarde, no qual foi rejeitada pelos professores, de forma unânime. A partir disso, nesta sexta-feira (16), às 9h, está marcada outra rodada de reunião.

Crianças entrando na escola na manhã desta sexta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)
Crianças entrando na escola na manhã desta sexta-feira (Foto: Henrique Kawaminami)


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