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Capital

Advogada é suspeita de movimentar R$ 324 milhões do “Faraó dos Bitcoins”

Eliane de Lima foi presa ontem em Campo Grande e já teve bens bloqueados por pirâmide

Aline dos Santos | 04/02/2022 09:57
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Presa ontem em Campo Grande, a advogada Eliane Medeiros de Lima se tornou alvo da Operação Kryptos no ano passado, por envio de R$ 324 milhões a países estrangeiros. Conforme divulgado pelo jornal Extra, em outubro de 2021, a PF (Polícia Federal) chegou a indiciar a advogada, dona de corretora de criptomoedas, por enviar a países estrangeiros o segundo maior montante associado à GAS, iniciais de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”. A remessa ficou atrás somente da esposa dele.

“O braço da organização criminosa comandado por Eliane é responsável pela remessa e recebimento de valores da GAS para o exterior por meio de criptoativos", conclui o relatório da PF.

Na sequência, Eliane de Lima ficou de fora da denúncia do MPF (Ministério Público Federal). Contudo, reapareceu ontem na terceira fase da Operação Kryptos, batizada de Valeta. O foco da ação, autorizada pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, foi desarticular organização criminosa responsável por fraudes bilionárias envolvendo criptomoeda.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, policiais federais foram à casa da advogada e também ao seu escritório. Ao término dos mandados de buscas, foi dada ordem de prisão e ela foi levada para uma cela especial, apartamento no Presídio Militar.

De acordo com a Polícia Federal, uma advogada, responsável pela administração de duas empresas sediadas em Campo Grande, desenvolvia o papel de intermediar a movimentação financeira entre a principal empresa investigada na Kryptos e empresas estabelecidas no exterior.

 “Apurou-se que esse braço da organização criminosa investigada também foi o responsável pela criação de uma corretora de criptoativos, concebida possivelmente com o intuito de obstar a ação de bloqueio e posterior confisco dos valores movimentados pelo esquema criminoso, por parte dos órgãos da persecução penal”, informa a nota da PF.

A Justiça Federal determinou que a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) acompanhasse o cumprimento dos mandados na residência e no escritório de Eliane Medeiros de Lima. Os trabalhos foram acompanhados pela Comissão de Defesa e Assistência das Prerrogativas dos Advogados, presidida por Silmara Salamaia Gonçalves.

De acordo com a presidente, a legislação determinava acompanhamento somente no escritório do profissional, mas desde a pandemia, com a instituição do home office, os juízes têm ordenado que a comissão também esteja presente nas casas dos advogados.

Eliane tem OAB cancelada em Mato Grosso do Sul, mas tem registro em situação regular na seccional de São Paulo.

O “Faraó dos Bitcoins” é acusado de comandar um esquema de fraudes bilionárias a partir de sistema de pirâmide financeira envolvendo criptomoedas. Pelo menos R$ 38,2 bilhões foram movimentados entre os anos de 2015 e 2021 no Brasil e no exterior.

Criptomoedas – No ano passado, a 13ª Vara Cível de Campo Grande determinou o bloqueio de R$ 455 mil de Elaine Medeiros de Lima por pirâmide financeira, prática rebatizada como marketing multinível.

A proposta era obter renda com os serviços de compra e venda de moedas virtuais. As ações poderiam ser compradas com investimento de R$ 2 mil a R$ 10 mil. A promessa era rentabilidade mensal mínima de 299 dólares por ação.

Conforme a denúncia, a advogada foi uma das criadoras da plataforma de investimentos e trade de criptomoedas denominada Cointrade Crypto Exchange, formada inicialmente no Uruguai. Na sequência, foi criada a Cointrade C.X, com sede em São Paulo, para operar no Brasil. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Eliane Medeiros de Lima. A equipe foi ao escritório da advogada, na Rua Paraná, mas não foi atendida.

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