Além de estupro, menino era vítima de bullying há 2 anos, diz delegada
Além de ser estuprado por três adolescentes, o menino de 10 anos foi vítima de bullying por pelos menos dois anos na Escola Municipal Consulesa Margarida Maksoud Trad, no Bairro Estrela Dalva, em Campo Grande. Delegada adjunta da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), Aline Gonçalves Sinnott Lopes abriu outro inquérito para apurar o caso e pediu laudo complementar para verificar por quanto tempo ocorreu os abusos sexuais.
Na quarta-feira (9) passada, após a criança relatar dores no ânus, veio à tona o estupro. Segundo a delegada, a vítima era trancada no banheiro com os três garotos, de 13, 14 e 15 anos. Enquanto o último vigiava a porta, cuidando a aproximação de outras pessoas, o segundo segurava o menor e o de 13 anos enfiava os dedos no ânus dele.
Inicialmente, apurava-se a possibilidade de o abuso ocorrer há anos, mas, na época, os três adolescentes não estudavam na escola. Para acabar com a dúvida, a delegada pediu laudo complementar da perícia, que já confirmou os estupros, a fim de apurar desde quando os abusos ocorreriam.
“Há dois anos, o menino era vítima de bullying”, revelou a delegada. Como exemplo, ela citou situações em que a criança era trancada no banheiro. Os demais casos de constrangimento serão investigados em outro procedimento, instaurado na Deaij.
Ainda de acordo com Aline, a Secretaria Municipal de Educação já tinha constatado a situação de vulnerabilidade do menino e apontado a necessidade de acompanhamento psicológico. “É uma criança introspectiva, vem de família extremamente humilde, a mãe não tinha dinheiro nem para o passe de ônibus a fim de levá-lo ao conselho tutelar para receber o acompanhamento”, relatou.
Além do menino de 10 anos, a mãe tem outros dois filhos, um com necessidades especiais. “Imagino que por todos esses problemas a criança segurou por dois anos os constrangimentos”, analisou a delegada.
Ela também fez questão de ressaltar que, “no depoimento, a vítima se mostrou linear em todas as oitivas”. A própria delegada o entrevistou mais de uma vez. Ele também relatou o caso a uma psicóloga e ao médico perito legista.
Os adolescentes, por sua vez, negam a acusação. “Eles disseram que isso nunca aconteceu”, contou. Os três estão detidos na Unei (Unidade Educacional de Internação). A delagada concluiu o procedimento e o encaminhou ao MPE (Ministério Público Estadual).