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Capital

Aliançados processa pastor que acusou apóstolo Denilson de desvios e abusos

Ação acontece em meio ao fechamento de dezenas de igrejas, anunciado em edital de convocação de assembleia

Por Lucas Mamédio | 02/12/2024 17:28
Pastor Paulo Cesar Lemos à esquerda, e apóstolo Denilson Fonseca, à direita (Foto: Paulo Francis/Divulgação)
Pastor Paulo Cesar Lemos à esquerda, e apóstolo Denilson Fonseca, à direita (Foto: Paulo Francis/Divulgação)

Em meio ao fechamento de dezenas de igrejas, a Comunidade Cristã Aliançados está processando o ex-pastor da congregação, Paulo Cesar Lemos, um dos primeiros a denunciar publicamente supostos abusos do líder da instituição, o apóstolo Denilson Fonseca.

Na ação, a Aliançados argumenta que o réu (Paulo César Lemos) a acusou, em uma rede social, de fazer difamações para prejudicar colegas de ministério e de ameaçá-lo, alegando que a autora teria entrado em contato com sua ex-mulher e filho. Essa acusação teria sido a base para diversas matérias jornalísticas, que a autora considera caluniosas e afetaram sua honra, moral e imagem institucional.

A igreja solicitou então, por meio da ação, que ele fornecesse documentos que comprovassem as alegações feitas em sua nota de esclarecimento, com o objetivo de respaldar o conteúdo da nota.

O vídeo citado no processo foi publicado no Instagram de Paulo. Ele narra uma série de situações que passou ao longo de cinco anos como pastor na Aliançados, que desaguou em sua expulsão durante uma reunião com líderes da igreja.

Paulo jura que foi pego de surpresa com a forma como sua saída foi tratada. Em entrevista ao Campo Grande News, ele explica que foi convidado a morar em Mato Grosso do Sul a convite do apóstolo, em 2019. Mineiro de origem, Paulo já passou por vários estados antes de se mudar para cá.

Paulo contou ainda que seu salário foi cortado pela metade sob a justificativa de que a igreja passava por diversas dificuldades financeiras causadas, principalmente, por conta da compra de um terreno ao lado da atual sede, na Avenida Mato Grosso, que pertencia à Tim

O ex-membro ainda contou que foi expulso sem nenhum direito trabalhista pago e que está sem renda, vivendo da ajuda de amigos. "Eu passei por um divórcio, que inclusive foi usado conta mim, que atribuo muito ao fato de ter passado por essas dificuldades financeiras".

Na ação atual, ao decidir sobre o pedido de tutela de urgência, o magistrado concluiu que não havia necessidade de uma medida urgente, pois, segundo o entendimento do Código de Processo Civil, a exibição de documentos pode ocorrer dentro do prazo da defesa, sem que seja necessária uma decisão imediata. Ou seja, o juiz entendeu que a Aliançados não demonstrou um risco imediato para o direito que busca e que a exibição dos documentos ocorrerá no momento apropriado, durante a fase de defesa do réu.

Além disso, o juiz determinou a citação do Paulo para que ele apresente sua defesa no prazo de 15 dias úteis. Caso o réu não se manifeste, ele poderá ser considerado revel, o que implicará em efeitos legais prejudiciais para ele.

O Campo Grande News entrou em contato com pastor Paulo Cesar Lemos, que informou não ter sido citado ainda neste processo. Ele também disse que se mudou de Campo Grande há dois meses, tendo retornado para seu estado natal, Minas Gerais.

Antes e depois da igreja na Vila Bandeirantes, também fechada (Foto: Direto das Ruas)
Antes e depois da igreja na Vila Bandeirantes, também fechada (Foto: Direto das Ruas)

Silêncio sobre fechamento - Denilson Fonseca convocou, por meio de um edital interno, membros da igreja para uma assembleia que irá oficializar o fechamento de 19 igrejas e votar mudanças importantes, incluindo alterações de endereços de congregações para que outros grupos assumam. Apesar da insistência da reportagem, nenhum líder da igreja se manifestou sobre a possibilidade ou até mesmo os fechamentos das igrejas.

As congregações que terão suas atividades encerradas incluem unidades em diversas cidades, como Terenos, Corumbá, Dourados, Água Clara, Anastácio, Rondonópolis, Jardim, Sidrolândia, Aquidauana, São Gabriel do Oeste, Coxim, Fátima do Sul, além de congregações em Campo Grande, como Aliançados Young Church, Tijuca, Santo Amaro, Moreninhas, Vida Nova, Futurista, Jardim Imá e Los Angeles. Algumas das unidades já estão sendo fechadas mesmo antes de qualquer edital.

Polêmicas – A administração da Aliançados está rodeada de polêmicas nos últimos meses. Ela foi alvo de uma série de denúncias de ex-pastores e ex-membros que alegam terem sido expulsos da igreja sob humilhação e constrangimento coletivo, sem direitos trabalhistas cumpridos e após asfixia financeira que envolve, inclusive, redução salarial e quebra de acordos.

 Além disso, Denilson é acusado de sanha por dinheiro, com diversos relatos de pressão para arrecadação entre as unidades da Aliançados. O Campo Grande News também noticiou, no começo de agosto, o imbróglio judicial envolvendo a desistência da compra de um terreno ao lado da sede, na Avenida Mato Grosso.

A ação de rescisão de contrato foi proposta inicialmente pela igreja, que tenta cancelar e reaver R$ 4 milhões já pagos na negociação acordada em R$ 13,5 milhões. No contragolpe, a TIM pede, no mesmo processo, o pagamento de R$ 3,366 milhões, por multa contratual, pagamentos de contas de água, luz e IPTU e indenização pela “perda de chance” da venda da área. Depois disso, teve até boletim de ocorrência com denúncia de falsificação de documentos. O processo segue tramitando.

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