Ansiedade em adultos lidera casos atendidos em mutirão do Caps
Vício em bets como o "tigrinho" também foi identificado, diz psiquiatra
Cerca de quatro mil adultos que aguardam consulta psiquiátrica na rede pública de Campo Grande são atendidos nesta semana por mutirão iniciado nos Caps (Centro de Atenção Psicossocial). Quadros de ansiedade predominam entre os que já se consultaram, revelou hoje (19) a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
RESUMO
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Mutirão em Campo Grande atende 4 mil adultos com consulta psiquiátrica, onde a ansiedade é o diagnóstico mais comum. Dependência de jogos on-line e apostas esportivas também foram identificadas. Quadros mais sérios como depressão grave e esquizofrenia são minoria. O acesso à internet e redes sociais aumenta a demanda por psiquiatras. A fila de espera superava 5 mil pessoas, com alguns aguardando há dois anos e meio. O mutirão é uma solução imediata para zerar a fila, com o MPMS cobrando medidas judiciais para resolvê-la em 100 dias. A demanda por atendimento psiquiátrico cresceu durante a pandemia de covid-19. Pacientes devem ficar atentos ao celular para agendamentos e podem procurar CAPS sem agendamento prévio.
Segundo a psiquiatra e coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial da secretaria, Gislayne Budib, o monitoramento dos casos atendidos revela o diagnóstico como "grande maioria dos casos monitorados todos os dias".
"Isso é a nível mundial, a ansiedade. Fatores estressores, burnout, também são identificados", acrescenta.
Apostas online - Houve, ainda, casos de dependência em bets identificados durante as consultas, destaca Gislayne. "Jogo do tigrinho" e apostas esportivas são exemplos.
"Uma coisa que vem crescendo é a dependência de jogos patológicos. Aumentou muito e isso tem aparecido nas avaliações do mutirão".
Quadros psiquiátricos mais sérios, como depressão grave, esquizofrenia e ideação suicida, são minoria entre as pré-avaliações.
Internet - O acesso à internet e às redes sociais fazem aumentar a demanda por psiquiatras, analisa a coordenadora da Sesau, também presidente da Associação de Psiquiatria de Mato Grosso do Sul.
"Eu acho que é o grande fenômeno social. Na internet, se aprende até a fabricar uma bomba. Nas redes sociais, tem a questão de como você se vê quando os outros têm uma vida perfeita, são lindos, famosos, almoçam no melhor lugar e vão para a melhor viagem. Ninguém mostra quando está triste ou não conseguiu pagar uma conta no mês, né?", diz.
Fila ficou enorme - O mutirão foi a solução imediata que a Sesau encontrou para reduzir a fila por atendimento psiquiátrico em Campo Grande, que superou os cinco mil, contando adultos, crianças e adolescentes. Os primeiros da lista aguardavam há aproximadamente dois anos e meio.
O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) cobra na Justiça medidas para zerá-la em 100 dias. Segundo Gysele, antes disso a pasta planejava resolver a questão e vinha contratando mais psiquiatras para isso.
O número de pacientes começou a crescer em 2026 e "explodiu" durante a pandemia de covid-19, afirma a coordenadora.
No mutirão, psiquiatras, psicólogos e enfermeiros farão o primeiro atendimento. Antes de a ação começar, a lista de espera teve que ser atualizada com a exclusão de pessoas que já não moram mais na Capital, por exemplo.
Atenção ao celular - A Sesau pede que os pacientes fiquem atentos ao celular. Funcionários do Sisreg (Sistema de Regulação) fazem quatro tentativas de ligação pelo número (67) 3314-4615.
Os que estão na fila, mas ainda não receberam ou não atenderam a ligação, devem procurar o posto de saúde mais próximo para atualizar os dados pessoais.
Caso a pessoa não puder ser contatada por telefone, agentes comunitários de saúde poderão procurá-la no endereço cadastrado para auxiliar o encaminhamento.
Demanda espontânea - Os Caps recebem demanda espontânea também.
Não é necessário agendamento. Basta ir até o que for mais próximo da residência com cartão do SUS e solicitar atendimento.
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