Antes de morrer por dengue, menino passou 3 vezes por posto, reclama mãe
Eduardo Borges Ortega, de 9 anos, morreu neste domingo Santa Casa; a morte da criança pode ser a 11ª no Estado e a 3ª na Capital
O menino Eduardo Borges Ortega, de 9 anos, foi liberado três vezes na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino antes de ser internado e morrer de dengue 1h30 depois, na Santa Casa. A morte da criança pode ser a 11ª no Estado e a terceira na Capital pela doença.
Para a mãe de Eduardo, a costureira Eliane de Souza Borges, de 39 anos, houve muita demora no diagnóstico da doença. Ela conta que o filho teve os primeiros sintomas na última quinta-feira (6). "Ele estava com muita febre, eu levei ele para o posto e fez o procedimento: passou pela médica, que pediu o exame de sangue, fez a coleta e voltamos para casa. No dia seguinte eu voltei para pegar o resultado", conta.
No segundo dia no posto, na sexta-feira (7), Eduardo foi atendido e liberado novamente. "A médica falou que não estava aparecendo nada nos exames e que a dengue demora de 4 a 7 dias. Então ela fez outro pedido para fazer o exame no domingo. A médica passou os remédios e soro e voltamos para casa", lembra a mãe.
No sábado (8), a mãe relata que o filho amanheceu passando mal. "Ele acordou pior, com muita febre, suando frio, todo vermelho e com muita dor na barriga e fui para o posto de novo", conta. Na terceira vez no posto, Elaine afirma que o filho chegou e já foi atendido e levado para a emergência. "Lá a médica já passou soro para ele e o outro médico do plantão liberou ele a noite, por volta de 20h40", completa.
Segundo a mãe, desde que voltou para casa o filho piorou. "Da hora que ele deitou até a hora que levantamos ele passou o tempo todo gritando de dor. Voltamos para o posto no domingo e ele já passou pela emergência e não vimos mais nada". Eliane relata que Eduardo chegou a ter duas paradas cardiorrespiratórias e foi reanimado.
Em seguida, o menino foi transferido para a Santa Casa. De acordo com a mãe, no Hospital foram feitos mais procedimentos, mas ela acredita que o filho já chegou morto. Em menos de duas horas a família recebeu a notícia da morte.
Para a mãe houve negligência. "Sábado eu voltei para casa com ele passando mal, meu filho morreu, se ele tivesse sido internado no sábado mesmo, talvez meu filho estaria vivo", disse. "As pessoas estão morrendo sem diagnostico. Em termos de diagnosticar a demora é muito", completa.
Conforme a Santa Casa, o óbito foi constatado às 12h34 de ontem. O exame realizado deu resultado positivo para dengue. Já segundo a Sesau (Secretária Municipal de Saúde), ainda não há confirmação da suspeita de dengue. O material coletado está sob análise no Lacen (Laboratório Central de Mato Grosso do Sul).
Moradora do bairro Morada Verde, na região norte de Campo Grande, a mãe pede conscientização para a população. "Meu filho morreu com dor e com fome e tem que bater na mesma tecla, porque um mosquitinho de nada está matando pessoas, está acabando com famílias, e só quem está passando por isso sabe a dor é que perder um filho, perder uma mãe. A população tem que conscientizar", afirma.
Atendimento - Sobre os atendimentos e liberação do garoto 3 vezes no posto de saúde, a Sesau (Secretária Municipal de Saúde Pública) informou que o procedimento adotado pelos responsáveis será apurada, podendo resultar nas devidas medidas necessárias.