Antes manifestação de fé, entrega de velas é pedido por mais 10 anos de vida

A aposentada Maria Faraid Santana Ferreira, de 66 anos, criou uma tradição pessoal e há cerca de 10 anos passou a entregar velas aos fiéis católicos que participam da procissão de Corpus Christi. Era isso que ela estava fazendo quando a reportagem do Campo Grande News a encontrou no meio da tradicional romaria. Questionada sobre o que estava fazendo, sem falar nada, começou a chorar.

Há dois anos, ela perdeu a filha e o genro para a covid-19, e a entrega de velas, que até então era apenas uma forma de manifestar a própria fé, se tornou um pedido de graça. “Mais dez anos de vida”, citou. Ela ficou com os dois netos, hoje com 8 e 11 anos de idade.

“Eu não pedia nada quando comecei a entregar as velas. Mas hoje eu peço que Deus me conceda mais 10 anos de vida pra cuidar dos meus netos”, contou emocionada. O genro dela faleceu em 30 de junho de 2021 e a filha única em 20 de julho do mesmo ano, ambos, após complicações da covid-19.

Pela manhã, católicos trabalharam na confecção do tradicional e colorido tapete de 1,7 quilômetro das avenidas Afonso Pena e Fernando Corrêa da Costa. A Agetran (Agência Municipal de Trânsito) sinalizou o local para orientar desvios de veículos.

Nesta tarde, 6 mil pessoas acompanham missa campal na região da Praça do Rádio Clube. Depois, os fiéis saíram em procissão, ao longo do tapete.

"Fã número 1" do dia de Corpus Christi, o arcebispo de Campo Grande, Dimas Lara Barbosa, exaltou a coragem dos fiéis empenhados em dar o "testemunho público da fé", nesta data, através dos longos tapetes decorados colorindo ruas  e avenidas, Brasil afora. Para Dom Dimas, o feriado religioso é o que tem as celebrações mais bonitas do calendário católico.

Para encerrar as celebrações de Corpus Christi, o grupo católico MSH (Missionários Shalom) deve reunir 30 mil fiéis nesta noite, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, entre a Rua 14 de Julho e a Avenida Calógeras, sentido Horto Florestal.